EDP Comercial sobe preços e diz que tarifas da ERSE são “artificialmente baixas”

O aumento do custo de aquisição de energia no mercado ibérico levou a EDP Comercial a anunciar uma subida média de 2,5% dos preços em 2018.

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Miguel Stilwell de Andrade, ao lado de Eduardo Catroga e António Mexia, numa conferência, em Junho Nuno Ferreira Santos

A EDP Comercial, braço do grupo EDP para o mercado liberalizado, anunciou esta quinta-feira que vai aumentar os seus preços em média em 2,5% no próximo ano, para fazer face ao aumento dos custos com a aquisição de energia no mercado ibérico.

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A EDP Comercial, braço do grupo EDP para o mercado liberalizado, anunciou esta quinta-feira que vai aumentar os seus preços em média em 2,5% no próximo ano, para fazer face ao aumento dos custos com a aquisição de energia no mercado ibérico.

Esta subida vai custar "menos de um euro", a mais, por mês, a cada cliente, disse ao PÚBLICO o administrador da EDP Miguel Stilwell de Andrade, sublinhando que a empresa optou por reflectir o aumento no termo fixo da tarifa, ou seja a potência contratada, e não no termo variável, o consumo de energia, de modo a “privilegiar as famílias numerosas e as primeiras habitações”.

A principal razão para a revisão em alta das tarifas prende-se, segundo o responsável, com o agravamento de 24% dos preços grossistas da electricidade (induzido pela seca e pelo reforço da electricidade produzida com carvão, cujo preço também subiu), que pesa sobre a margem das comercializadoras.

Aquilo que a Entidade Reguladora para os Serviços Energéticos (ERSE) considerou nas tarifas transitórias para 2018 (estas são cobradas pela EDP Serviço Universal, que é o braço do grupo EDP para o mercado regulado, onde serve mais de 1,2 milhões de clientes) foi um “aumento dos preços grossistas [no mercado ibérico] de apenas 6%”, afirmou Stilwell de Andrade.

Ao contrário do regulador, que pode pôr em prática “preços artificialmente baixos” e gerar “sobrecustos” que serão pagos pelos consumidores no futuro, o aumento dos custos da energia “tem de estar reflectido nos preços dos comercializadores em mercado livre”, frisou o líder da EDP Comercial, que tem mais de quatro milhões de clientes (e todos vão sentir o agravamento no termo fixo da tarifa).

“Se o regulador construísse as tarifas com base nos preços de mercado, teria de haver um preço mais elevado” em 2018, do que a descida média de 0,2% das tarifas reguladas que foi anunciada pela ERSE a 15 de Dezembro, acrescentou Miguel Stilwell de Andrade.

No caso da EDP Comercial, se a empresa praticasse os preços do mercado regulado, só teria 1,5 euros de margem “para pagar todos os custos”, afirmou o gestor. Com esta actualização de preços em 2018, a margem sobe para "2,5 euros, que é o valor que um comercializador eficiente necessita para ser sustentável”.

Ainda assim, com a subida de preços prevista para Janeiro o presidente da EDP Comercial garante que a empresa continuará a ser competitiva face à tarifa regulada, segundo simulações feitas a partir do simulador da própria ERSE, como por exemplo no caso de casais com filhos e casais com dois filhos com consumos típicos, desde que tenham débito directo e factura electrónica. "Em 2018 não conseguiremos ser competitivos nas tarifas bi-horárias", assumiu o administrador da EDP.

O gestor escusou-se a comentar o pedido que o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, fez à ERSE (segundo uma carta citada pela Lusa) no sentido de averiguar a existência de empresas do mercado livre que estão a aumentar os preços “em outras componentes que não a do custo unitário de energia”.

Dizendo desconhecer o teor da carta, Miguel Stilwell de Andrade sublinhou que nada impede as empresas de reverem os seus preços, incluindo a componente fixa da tarifa.