Cartas ao director

Prémio Oceanos: um esclarecimento

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Prémio Oceanos: um esclarecimento

No vosso texto sobre a rejeição do 4.º lugar ex-aequo do Prémio Oceanos atribuído a Maria Teresa Horta citam uma frase do texto que, a respeito desta específica atribuição, publiquei no blogue Delito de Opinião: “Pedrosa argumenta que teria sido preferível não premiar de todo o livro do que ‘dar-lhe um rebuçadinho para dividir com outro menino’.” Em seguida explicam: ‘O menino em causa, Bernardo Carvalho, tem 57 anos, 11 romances — quase todos eles publicados em Portugal pela Cotovia e, mais recentemente, pela Quetzal —, e foi justamente o primeiro autor a vencer, em 2003, com Nove Noites, o primeiro prémio Portugal Telecom, que daria origem ao actual Prémio Oceanos.”

Considerando que esta explicação pode induzir nos leitores do vosso artigo a ideia de que haveria, no breve texto que escrevi apenas e só sobre a classificação atribuída a Maria Teresa Horta — que tem 80 anos e mais de 60 livros publicados, aproveito para informar, já que entendem útil esse tipo de contabilidade —, qualquer menosprezo pela obra de Bernardo Carvalho, esclareço que este é um dos escritores brasileiros que mais me entusiasmam, como reiteradamente e desde há muitos anos tenho dito e escrito. Mais informo que sou, também desde há muitos anos, leitora e admiradora dos romances de Ana Teresa Pereira e da poesia de Helder Moura Pereira. Só não conheço (ainda) o romance também premiado de Silviano Santiago.

Reitero que o que escrevi se referia exclusivamente ao facto de ter sido atribuído a Maria Teresa Horta um quarto lugar ex-aequo, e que de modo algum pretendi desvalorizar as obras dos restantes premiados, como o vosso texto parece sugerir.

Inês Pedrosa, Lisboa

Havia mesmo outro

Não falta quem desanque em António Costa e no seu Governo. Surpreendidos com a resiliência do primeiro-ministro às intempéries anunciadas que, mais tarde ou mais cedo, o fariam cair, muitos dos que nunca lhe perdoaram a “habilidade” de formar um executivo que outros, mais ungidos, não conseguiram, só se esperavam os sinais de má fortuna para lhe caírem em cima. [...] O Governo desgovernou-se com os incêndios, Tancos, a Legionella, o Panteão, o descongelamento das carreiras e até o Infarmed. À coca, os pregoeiros do infortúnio brotaram como cogumelos, alertando-nos para as insuficiências na saúde e no ensino, para a permanência da austeridade. E não é que é tudo verdade? Pois, melhor do que antes, mas tão verdade quanto as incontestadas melhorias no emprego e no desemprego, no crescimento do PIB e no rendimento dos portugueses, no investimento, na dívida pública e no défice. Mas o mais engraçado é que onde o Governo teve êxito foi nos capítulos em que a oposição lhe destinava um inexorável fracasso, qual fatalidade matemática. No resto, onde averbou desaires, alguns deles perfeitamente evitáveis, o Governo escorregou no fortuito e no imprevisível, por vezes com dolorosas perdas. Afinal, havia outro... diabo.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

Pesar, unanimismo e democracia

Na sequência do voto parlamentar de pesar pela morte de Belmiro de Azevedo vêm surgindo comentários dados à estampa nas cartas do leitor do PÚBLICO em que é severamente criticado o voto contra dos deputados comunistas e o PCP. Eis uma clara manifestação de intolerância contra quem tem outra opinião e posição política. Porque o “voto de pesar” é um voto político, concretizado na Assembleia da República. Não é um voto de pêsames de cariz moral ou pessoal. Que estranha a tácita coacção pressuposta numa unanimidade ou consenso sobre a personalidade em causa. A liberdade de voto deve ser assumida livremente. Assumir a verdade do voto, segundo uma linha político-partidária, é expressão da independência de classe perante a soberania exercida pelo poder económico-financeiro do capital, representado simbolicamente na pessoa de Belmiro de Azevedo.

José Manuel Jara, Lisboa 

Alterações climáticas

A humanidade está a atravessar um período crítico com incertezas constantes, mas também com alertas sobre a necessidade de se mudarem e adoptarem novos comportamentos, como tentativa de preservar o que resta e evitar que cheguemos a um ponto de não retorno, com consequências imprevisíveis para todos nós, e onde a correria desenfreada pelo lucro fácil impede os agentes económicos de pensarem nas consequências dos seus actos.

O descuido dos homens, o reflexo dos maus exemplos dos mais velhos para com os mais novos, onde muitas vezes falha a educação a todos os níveis, associados a muitos outros factores, são a razão das alterações climáticas a que assistimos, e que nos tem conduzido a secas severas, a catástrofes que apelidamos de naturais, mas que mais não são do que o resultado da ambição desmedida de quem tem o poder de decisão, mas não decide para o bem do colectivo. [...]

Américo Lourenço, Sines

As campanhas solidárias

Com o aproximar do Natal multiplicam-se as campanhas solidárias de recolha de bens para os mais desfavorecidos. Os sem-abrigo continuam a ser alvo de intensas campanhas de solidariedade. Contudo, não se entende como o Estado, em articulação com as câmaras municipais, não consegue acabar com os moradores das ruas. Fica a ideia que os sem-abrigo são necessários para manter o carreirismo e o ego de alguns organizadores de campanhas de recolha de bens. Cabe ao Estado acolher os deserdados. É de realçar a iniciativa do Programa Santander Universidades ao financiar os Prémios de Voluntariado Universitários 2017.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim