CDS já pensa em ser a “escolha natural” do centro-direita

Centristas questionam como o partido se vai afirmar face ao PSD.

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Adolfo Mesquita Nunes intervindo no último congresso do CDS, em 2016 Martin Henrik

Tanto do lado da liderança de Assunção Cristas como da oposição interna, os centristas já pensam na afirmação do partido no centro-direita, depois de um histórico resultado em Lisboa à frente do PSD e de um desfecho autárquico global melhor do que em 2013.

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Tanto do lado da liderança de Assunção Cristas como da oposição interna, os centristas já pensam na afirmação do partido no centro-direita, depois de um histórico resultado em Lisboa à frente do PSD e de um desfecho autárquico global melhor do que em 2013.

Adolfo Mesquita Nunes, vice-presidente e candidato à Câmara da Covilhã, onde fez crescer significativamente o resultado do partido, considera que ficou “desmistificado” o voto útil. "A nova geração de políticos do CDS tem procurado desmistificar o voto útil e as novas formas de fazer política", afirma ao PÚBLICO. “Só anima o CDS a continuar a sua estratégia, porque permite ao CDS crescer para lá das suas fronteiras naturais”, sublinha Adolfo Mesquita Nunes, elogiando a forma diferente como Assunção Cristas fez campanha em Lisboa. “Lembro-me de dizer no congresso [de 2016] que o CDS tem de ser a primeira e a natural escolha do centro-direita”, afirma o dirigente. Quanto ao PSD, a cautela domina as declarações públicas no momento em que os sociais-democratas se preparam para uma disputa interna: “Ainda é cedo para falar.”

Do lado de Filipe Lobo d’Ávila, que liderou uma lista alternativa à da actual liderança ao conselho nacional do partido, o deputado também se mostra satisfeito com o resultado de Lisboa e a nível nacional. “É um resultado excelente para a doutora Assunção Cristas e para o partido”, reconhece. No entanto, o deputado e antigo secretário de Estado da Administração Interna chama a atenção para a necessidade de o CDS pensar como é que constrói uma alternativa à esquerda, em particular ao PS, que pintou o país autárquico de cor-de-rosa. “Daqui para a frente, que alternativa surge ao doutor Costa?”, questiona.

Para Diogo Feio, director do gabinete de estudos do CDS, é “natural que se pense numa reorganização do espaço do centro-direita”, na medida em que os resultados do partido reflectem uma “liderança forte e capaz de ter votos”. O dirigente nota que, em Lisboa, o centro-direita cresce, “tirando a maioria ao PS”. Por isso, espera que, “no prazo de dois anos, exista um projecto de centro-direita alternativo às esquerdas unidas”. Até porque, à esquerda, “o acordo é conjuntural”, enquanto no centro-direita é possível “acordar ideias para se apresentarem a actos eleitorais”.

Nestas eleições, o CDS conquistou mais uma câmara – Oliveira do Bairro – para juntar às cinco (ao “penta”, como dizia Paulo Portas) que ganhou em 2013. A isto somam-se os 20,5% em Lisboa e quatro vereadores, bem à frente do PSD com 11,2% e metade dos vereadores eleitos. O resultado permite a Assunção Cristas ter um congresso tranquilo em 2018. Como o congresso é electivo  - e se se mantiver o calendário eleitoral das legislativas –, a líder do CDS deverá ser apontada pelo partido como a candidata a primeira-ministra.  

Assunção Cristas apostou todas as fichas em Lisboa. Apresentou-se como candidata há um ano sem esperar pelo PSD que ficou amarrado a Pedro Santana Lopes. O ex-primeiro-ministro acabou por não se candidatar e por ficar na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Ainda se tentou uma coligação PSD/CDS, mas os partidos não chegaram a acordo. A líder do CDS começou a fazer campanha nas ruas há meses, enquanto o PSD se embrulhou na escolha de um candidato. A decisão de Passos Coelho acabou por ser uma das suas vice-presidentes e amiga pessoal, Teresa Leal Coelho.