Bloco critica Passos Coelho por defender Altice em vez de trabalhadores

"Onde isto já chegou?", questionou Catarina Martins pelo facto de Passos Coelho ter dito que "nenhum governante pode dizer mal da Altice" em vez de defender os 3000 trabalhadores que a empresa quer despedir.

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LUSA/SÉRGIO AZENHA

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, criticou esta sexta-feira Pedro Passos Coelho por este afirmar que "nenhum governante pode dizer mal da Altice" em vez de defender os 3000 trabalhadores que a empresa quer despedir.

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A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, criticou esta sexta-feira Pedro Passos Coelho por este afirmar que "nenhum governante pode dizer mal da Altice" em vez de defender os 3000 trabalhadores que a empresa quer despedir.

"Diz ele [o presidente do PSD] que está mal despedir mais de 3000 trabalhadores da mesma empresa que está a anunciar negócios milionários? Não. Diz que nenhum governante pode dizer mal da empresa", afirmou a líder bloquista, enquanto discursava na apresentação do candidato do partido a Vila Real. Catarina Martins questionou mesmo: "Onde isto já chegou?".

"Defender os direitos dos 3000 trabalhadores a serem despedidos nunca, porque o que não se pode nunca fazer é ofender qualquer empresa que queira entrar pelo nosso país adentro, para fazer os negócios que quiser, ainda que no caminho despedace a nossa capacidade produtiva e as nossas maiores empresas e as nossas infraestruturas", ironizou. Para a deputada, estes são "tempos difíceis e complicados".

"Nós temos dito que se pode e se deve parar o que a Altice está a fazer e estamos a trabalhar para isso", frisou. No entanto, sublinhou que é preciso "essa determinação de não ter nunca a subserviência a quem tem mais dinheiro e saber sempre que a política é a resposta a quem cá vive" e essa não é, na sua opinião, "uma diferença pequena".

"Essa é toda a diferença no mundo na construção de um projecto", sustentou.

Catarina Martins lembrou que a Altice, ao mesmo tempo que anuncia a "capacidade financeira para fazer aquilo que designou como o maior negócio deste género já feito, ao comprar um grupo de comunicação social, diz que quer despedir" trabalhadores. Com isso está, frisou, a "atacar" todas as pessoas que trabalharam na empresa e "está a desmantelar uma empresa estratégica para a economia que foi construída pelo investimento público".

A Altice, grupo que comprou há dois anos a PT Portugal, anunciou hoje que chegou a acordo com a espanhola Prisa para a compra da Media Capital, dona da TVI, entre outros meios, numa operação que a empresa espanhola avalia em 440 milhões de euros.

A ERC tem de se pronunciar sobre a operação quando for contactada pela Autoridade da Concorrência (AdC), antes desta última dar o seu parecer sobre o negócio. O parecer do regulador dos media é vinculativo.