Avaria “inédita” obriga Protecção Civil a montar camas no aeroporto de Lisboa

ANA pede "compreensão" e regista 64 cancelamentos até ao momento. Ao todo, são quase 400 voos afectados. A TAP está a desviar voos e os trabalhos de reparação no sistema de abastecimento de combustível não estão ainda concluídos.

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O problema estará relacionado com a entrada de ar no sistema de abastecimento de combustível DANIEL ROCHA/ARQUIVO

Uma avaria ocorrida durante a tarde desta quarta-feira no sistema de bombagem de combustível do aeroporto de Lisboa está a impossibilitar o abastecimento de aeronaves e causou, até ao momento, "322 atrasos e 64 voos cancelados", fazendo com que milhares de passageiros ficassem retidos no aeroporto, relatou fonte da ANA – Aeroportos de Portugal. Os voos cancelados dizem respeito tanto a voos que partam de Lisboa como a voos que tenham como destino o Aeroporto Humberto Delgado. 

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Uma avaria ocorrida durante a tarde desta quarta-feira no sistema de bombagem de combustível do aeroporto de Lisboa está a impossibilitar o abastecimento de aeronaves e causou, até ao momento, "322 atrasos e 64 voos cancelados", fazendo com que milhares de passageiros ficassem retidos no aeroporto, relatou fonte da ANA – Aeroportos de Portugal. Os voos cancelados dizem respeito tanto a voos que partam de Lisboa como a voos que tenham como destino o Aeroporto Humberto Delgado. 

Fonte oficial da ANA confirmou ao PÚBLICO que iria montar camas no aeroporto para assistir os passageiros que não estão protegidos pelas companhias aéreas e ainda casos de pessoas com necessidades especiais. À TSF, o director do aeroporto de Lisboa, João Nunes, afirma que devem ter sido afectadas cerca de 60 mil passageiros (fazendo uma estimativa de 150 pessoas por voo); destas, dez mil viram os seus voos cancelados. 

No final da tarde desta quarta-feira, a ANA fez um ponto de situação no Aeroporto de Lisboa em que referiu que o número de voos afectados poderia ainda aumentar e que alguns aviões já estão a ser reabastecidos, ainda que a um ritmo inferior ao normal. “Neste momento já estamos com capacidade de abastecimento por autotanque. Temos estado a abastecer aeronaves, temos estado a garantir as condições mínimas”, afirmou fonte da ANA. Apesar de o abastecimento por autotanque ser suficiente em aeroportos mais pequenos, tal não acontece em Lisboa. 

Contactada pelo PÚBLICO, fonte oficial da TAP disse que todos os aviões que não tivessem combustível suficiente seriam impedidos de descolar. Outra fonte oficial da TAP, citada pela Lusa, esclarece que o sistema de abastecimento de combustível do aeroporto de Lisboa “é da responsabilidade do GOC [Grupo Operacional de Combustíveis, liderado pela Petrogal e que reúne as principais petrolíferas]”.

O Grupo Operacional de Combustíveis (GOC) do Aeroporto de Lisboa é a entidade responsável pela recepção, armazenamento e expedição de combustíveis de aviação. Este grupo é responsável por fazer a descarga do combustível dos veículos cisterna que é posteriormente utilizado no abastecimento de aeronaves, feito através de um sistema de hidrantes e refuellers. Contactada pelo PÚBLICO, uma fonte do GOC afirmou que o grupo está a resolver a situação. 

Voos cancelados e adiados 

O problema foi registado ao início da tarde, por volta das 12h. Pouco depois das 16h, a TAP partilhava uma mensagem no Twitter em que referia que "até à regularização da situação, os voos da TAP com destino a Lisboa estão a divergir para aeroportos alternativos", realçando que a avaria no sistema é "alheia" à companhia. Já a ANA – Aeroportos de Portugal pedia “compreensão aos passageiros” afectados. 

O director do aeroporto de Lisboa, João Nunes, garante que mais de quatro mil passageiros que tinham voo marcado para a tarde desta quarta-feira foram afectados. Ainda assim, afirmou à agência Lusa que era ainda “cedo” para fazer uma contagem exacta dos passageiros afectados pela avaria porque estão a ser utilizadas soluções alternativas, como recolocar passageiros noutros voos.  A lista dos voos cancelados pode ser consultada online: tanto dos aviões que partam do aeroporto Humberto Delgado como daqueles que tinham Lisboa como destino

Para quem ficou retido em Lisboa, o director do Aeroporto Humberto Delgado já tinha garantido anteriormente que seriam asseguradas "condições mínimas de descanso". João Nunes explicou à Lusa que "todas as diligências de acomodação em hotéis estarão a ser feitas pelas companhias aéreas, independentemente de quem assume depois os custos finais".

De acordo com a gestora aeroportuária, trata-se de uma "avaria inédita", um problema no sistema de bombagem de combustível do aeroporto Humberto Delgado, que está a impossibilitar o abastecimento de aeronaves e, consequentemente, a impedir a descolagem das aeronaves que não estão abastecidas. Como resultado, disse, “registaram-se atrasos e cancelamentos” em vários voos, tendo alguns aviões com destino a Lisboa sido divergidos para outros aeroportos.

Quem procura informação sobre os voos no site da ANA, depara-se com a seguinte mensagem, no topo da página: "Lamentamos anunciar que os voos no Aeroporto de Lisboa encontram-se atrasados devido a dificuldades técnicas relacionadas com o abastecimento de combustiveis. O Grupo Operacional de Combustíveis está a trabalhar para solucionar as dificuldades o mais rápido possível. Por favor, confirme o status do seu voo no website ou na app ANA". 

A maior parte dos voos com destino a Portugal que foram cancelados eram da companhia aérea portuguesa TAP. Vários outros – tanto de partida como de chegada a Lisboa – foram cancelados em diferentes companhias: TAP, Easyjet, Ryanair, Eurowings, Azores Airlines, British Airways ou AER Lingus. com Luís Villalobos e Victor Ferreira