Menstruação obrigou agente a abandonar o posto. Agora, enfrenta processo disciplinar

Mulher espanhola alega que se ausentou entre cinco a dez minutos. Situação levou à instauração de um processo disciplinar, mas Guarda Civil desmente versão

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Rui Gaudêncio

Em Espanha, uma mulher ao serviço da Guarda Civil está a braços com um processo disciplinar, que pode levar a dois dias de suspensão sem direito a renumeração, por se ter ausentado do seu posto para alegadamente colocar um penso higiénico.

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Em Espanha, uma mulher ao serviço da Guarda Civil está a braços com um processo disciplinar, que pode levar a dois dias de suspensão sem direito a renumeração, por se ter ausentado do seu posto para alegadamente colocar um penso higiénico.

O El País dá conta da história, que aconteceu a 8 de Março — coincidentemente, o Dia da Mulher. A agente estava de serviço num carro-patrulha numa rotunda em Barcelona, numa acção de rotina. Segundo as testemunhas presentes no local, a mulher ausentou-se durante cinco a dez minutos. “Apareceu-lhe inesperadamente a menstruação, vendo-se obrigada a dirigir-se a uma casa de banho para colocar um penso higiénico de forma imediata para não manchar o seu uniforme nem o veículo”, conta uma das testemunhas ao diário espanhol. A casa de banho mais próxima situava-se a 300 metros.

Quando regressou ao carro, um tenente havia acabado de chegar. E a repreensão começou quase de imediato e em forma de gritos, conta, nesse caso, o companheiro da mulher. “Vais à casa de banho antes ou depois do ponto de controlo, mas não durante”, terá dito o tenente.

Depois do sucedido, nervosa e em lágrimas, a agente da guarda civil chegou à esquadra para falar com o capitão e denunciar o comportamento do tenente. Mas o primeiro afirmou que não tinha autoridade em relação ao segundo, apesar de acabar por admitir que tinha sido o tenente a pedir para não falar com a mulher. Cinco dias depois, tendo permanecido em casa durante este período, voltou à esquadra para tentar fazer novamente a denúncia ao superior hierárquico. Mas foi-lhe dito que teria de falar primeiro com o alvo da denúncia. Assim, a 13 de Março, escreve o El País, a mulher falou com o tenente para o informar da queixa que iria realizar.

Dois dias depois, e uma semana após o incidente, o tenente deu entrada com um processo disciplinar porque não tinha pedido permissão para se ausentar do posto de controlo. A agente accionou um protocolo existente para denunciar assédio laboral, mas pouco foi ainda feito, segundo o advogado de defesa, Antonio Suárez-Valdés.

A direcção-geral da Guarda Civil informou entretanto que a versão oferecida pela agente é desproporcionada, explicando que a repreensão foi realizada por não ter existido o pedido de permissão de abandono do posto de serviço, requerimento que é exigido como consequência do alerta terrorista de nível 4 que está em vigor neste momento no país. Além disso, argumenta-se que foi oferecida baixa psicológica à mulher, mas que em nenhum dos dois encontros com o psicólogo a agente referiu o incidente, tendo apenas relatado o mesmo depois de ter sido instaurado o processo disciplinar.