Da natureza da Geração Y

Considero que esta geração Y terá um impacto profundo no mundo, no momento em que perceber que está a viver algo que nunca antes se viu na humanidade

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Kristy Kravchenko/Unsplash

A geração Y (a qual abrange indivíduos que nasceram entre 1980 e meados da década de 1990) é uma geração pela qual estou inteiramente intrigado, não só pelo facto de pertencer à mesma, mas também porque tem sido alvo de enumeras características que a distinguem das restantes com nitidez. Esta geração corresponde a indivíduos que nasceram na «era tecnológica», na era das luzes, onde tudo se distinguia pela prosperidade económica e equilíbrio social.

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A geração Y (a qual abrange indivíduos que nasceram entre 1980 e meados da década de 1990) é uma geração pela qual estou inteiramente intrigado, não só pelo facto de pertencer à mesma, mas também porque tem sido alvo de enumeras características que a distinguem das restantes com nitidez. Esta geração corresponde a indivíduos que nasceram na «era tecnológica», na era das luzes, onde tudo se distinguia pela prosperidade económica e equilíbrio social.

Uma das características que distinguem esta geração é a capacidade de trabalhar com computadores e sistemas tecnológicos ao ponto de criar uma «pessoa» completamente individualizada e com características singulares - pessoa esta que tenta destacar-se da multidão, para encontrar o seu verdadeiro «eu», mas ao mesmo tempo não foge a padrões de raciocínio previsíveis. A geração Y é pois a geração que aparenta ter crescido com uma estabilidade social, e ambiental, que a propicia a uma tendência à preguiça, à indulgencia e ao comodismo social. Apesar de ser caracterizada por uma desmedida ambição social, a geração Y é um tanto desnorteada e confusa na perseguição dos seus objectivos. Aqui vê-se o risco da exagerada idealização, pois quando se idealiza bastante uma coisa, vê-se dois padrões: ou persegue-se o que foi visualizado no centro da mente ou encosta-se as costas à cadeira na esperança de que um dia atinja-se o objectivo. A tendência da geração Y, pelo menos até esta data, foi de demasiada imobilidade em relação ao futuro.

Como é abençoada por uma elevada inteligência intrapessoal (uma consequência de terem crescido na era tecnológica, o que fez desenvolver, desde cedo, um grande conhecimento em como as pessoas funcionam e como é que a sociedade está organizada) esta é a geração conhecida por ir contra o sistema, ao contrário da geração mais nova, a Z, que se desvia do sistema. A geração Y pressiona o sistema – isto é, quando há motivos que requerem uma causa justa ou quando se parece que foi alvo de injustiça, a geração Y luta com «unhas e dentes» para querer estabelecer uma nova ordem, levando a uma forma de pensar característica. A geração Y é pois aquela que me parece ter aceitado, com mais facilidade, as minorias da sociedade e as inúmeras diferenças que se estabelecem entre os vários indivíduos. Pode não ter desenvolvido isto em idades pequenas, mas de facto, parece-me que foi a geração que se agrupou para dar consciência a essas mentalidades.

O porquê disso parece-me que está enraizado no seguinte: esta geração está inteiramente consciente das suas falhas enquanto indivíduos, algo que é consequência de ter crescido numa época de paz, período dado à reflexão e que fez com que a geração Y desenvolvesse quase que um radar para verificar as suas falhas individuais e consciencializar essas falhas com a sociedade em que cresceram. A geração Y é pois consciente do que faz as minorias serem minorias, e assim capazes de se organizar e darem lugar a «lutas sociais». No entanto, há algo que leva ao insucesso desta geração, que passo pois a explicar.

Uma outra característica que a define é a sua infantilidade (não é por acaso que a geração Y é conhecida por ser a geração «Peter Pan»). O facto desta geração se recusar a crescer intelectualmente, pessoalmente e emocionalmente e adaptar-se às dificuldades da sociedade faz dela um pouco inepta aos desafios da vida. Não que seja uma geração com falta de inteligência, antes pelo contrário, mas o facto de recusar-se a crescer tem a ver com o excesso de comodismo social, o conforto que desde muito cedo se habituou. Este conforto leva-a a não querer adaptar-se à sociedade, preferindo ir contra a sociedade – algo que eu acho interessante, pois ao ir-se contra o sistema, ao pressionar-se o sistema, está a querer criar uma nova ordem, algo único. A única ordem que a geração Y quer gerar é pois a ordem da justiça, lutando afincadamente para que as falhas individuais sejam reconhecidas como universais e que todos os seres sejam conscientes de que também existe beleza no defeito, que o defeito é só uma variação do normal e que o anormal é também normal.

No entanto, há que analisar a geração Y pelo contexto em que surgiu. Esta geração está a viver o início de uma era – a era tecnológica, a era que vai governar o mundo por muitos séculos. A geração Y vive isto no dia-a-dia, o começo de algo que nunca se deu na história da humanidade! A tecnologia e a sua evolução fazem-me lembrar a revolução francesa. A geração que ao princípio viveu a revolução francesa incorporou desde cedo a mentalidade da igualdade e dos princípios que a definem, levando-a a agir assim por séculos. A geração Y também assim se encontra: a viver o começo de uma revolução na história do ser humano, sendo que a tecnologia está tão enraizada já na vida quotidiana.

Porém, tudo o que esta geração está a fazer de momento não é nada mais que o produto de a acumulação de consequências e como todas as condições, estas oferecem uma certa forma de limitação. Por exemplo, tente-se enquadrar um indivíduo do século passado na geração Y e verá esse indivíduo ficar louco, apesar das condições de hoje em dia parecem melhores das de um século atrás. A intersecção de culturas e gerações é o pior que pode acontecer a um indivíduo, o que me leva a querer que a existência de uma geração, ou seja um conjunto de indivíduos que partilham as mesmas características, leva à deficiência num determinado conjunto de condições em particular. A existência de algo como a geração Y é pois uma limitação, assim como em qualquer outra geração; a meu ver, as condições em que cresceu a geração Y são a sua própria forca – pois são dessas condições, dessas mesmas características que surge a incapacidade de lidar com o que for de fora dessa geração, com o que não se enquadra no comodismo social em que cresceu, etc., etc. Para se atingir todo o potencial, um indivíduo tem que se separar do que é «geração e cultura» para conseguir ver as coisas com claridade – é impossível vermos toda a nossa área sem que estejamos a planar por cima, como se de uma águia trata-se. É por isso preciso afastar-se do que é a geração Y para compreender a geração Y – e isto aplica-se com qualquer outra forma de cultura, razão pelo qual eu mesmo não ser a pessoa mais indicada para analisar a geração Y (pois pertenço à mesma). As características que unem um ser a uma geração, levam-no a perder a sua capacidade de perceber as suas próprias características individuais e a geração Y não escapa a essa condição - as condições que unem um ser a um conjunto de seres fazem com que esse ser, se estiver incluído, não seja capaz de perceber as suas características individuais, levando-o antes a aceitar o que é grupal. Assim gera-se sempre uma limitação: a limitação de fazer-se parte de uma geração.

Em conclusão, considero que esta geração Y terá um impacto profundo no mundo, no momento em que perceber que está a viver algo que nunca antes se viu na humanidade e que essa sorte, que ao mesmo tempo foi a onda de tsunami que originou esta geração, é na realidade uma oportunidade única para o crescimento pessoal e desenvolvimento individual. Mas primeiro, é preciso fugir da condição de «geração Y», ou seja, para que a geração Y tenha sucesso é preciso que fuja das suas próprias características e que se veja como um ser único e que esse ser único tem tudo o que for preciso para vencer na vida e que ao fazer por isso está a elevar o estatuto de ser individual para algo superior a ele.