Angola: Treinadores portugueses do Libolo e Santa Rita abalados com tragédia

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A confusão à porta do estádio Facebook Tekassala Toco

Os treinadores portugueses de Recreativo do Libolo e Santa Rita, Vaz Pinto e Sérgio Traguil, respectivamente, confessaram ter ficado muito abalados com a tragédia no jogo entre as duas equipas para o arranque do campeonato angolano de futebol.

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Os treinadores portugueses de Recreativo do Libolo e Santa Rita, Vaz Pinto e Sérgio Traguil, respectivamente, confessaram ter ficado muito abalados com a tragédia no jogo entre as duas equipas para o arranque do campeonato angolano de futebol.

Pelo menos 17 pessoas morreram nesta sexta-feira na cidade angolana do Uíge, Norte do país, alegadamente ao forçarem a entrada no estádio municipal 4 de Janeiro, para assistirem ao jogo entre o Santa Rita e o Recreativo de Libolo, que terminou com a vitória dos forasteiros, por 1-0.

"É uma coisa que ultrapassa qualquer resultado. Não interessa nem vitória, nem derrota. O meu pensamento está com as famílias que viram os seus filhos falecer desta forma, pessoas que tentaram a todo o custo ver os seus ídolos. É uma tragédia enorme, estou devastado. Nunca pensei que fosse passar por um momento destes", afirmou Sérgio Traguil à Lusa.

O sentimento foi comungado pelo seu homólogo do Libolo, que deixou para segundo plano o triunfo obtido na estreia na prova.

"Toda a gente ficou muito triste com a notícia que estávamos a receber, porque não era isto que desejávamos para início de campeonato, obviamente", afirmou.

Os relatos locais apontam para um incidente logo aos sete minutos de jogo, quando centenas de pessoas invadiram um dos portões do mesmo estádio, originando quedas e fazendo com que dezenas de pessoas fossem pisadas entre a confusão. Os dois técnicos lusos reconhecem que se aperceberam de algo estranho no início do encontro.

"Apercebi-me que algo não estava bem, havia um aglomerado de pessoas e entretanto outras deslocaram-se a correr para lá, mas parecia-me uma confusão momentânea, porque havia muita gente para entrar", frisou Vaz Pinto à Lusa, secundado por Sérgio Traguil: "Olhei para esse portão e vi pessoas a correr, mas nunca pensei que fosse uma tragédia desta dimensão".

Sublinhando não ter tido qualquer informação durante o jogo dos problemas ocorridos nas imediações do estádio, os dois portugueses explicaram que só souberam do sucedido já depois da partida.

"Se esta informação fosse passada nós tínhamos a obrigação de saber. Nem no início do jogo, nem no intervalo, nada", referiu Sérgio Traguil.

Já Vaz Pinto apela a que a tragédia desperte uma reflexão das autoridades no futebol de Angola: "Espero, muito sinceramente, que haja uma reflexão. Já no passado houve uma situação deste género. É bom que se criem condições de segurança de modo a que isto não volte a acontecer. Havia muitas crianças no estádio? Espero que se tomem medidas".

A tragédia já mereceu a reação do Ministério da Juventude e do Desporto de Angola, que em comunicado manifestou a sua "profunda consternação e dor" e apelou a uma investigação.