Iberdrola apresentou "um dos seus maiores projectos europeus" no Tâmega

Ambientalistas contestam sistema que trará muito betão e pouca produção. Empresas portuguesas ganharam 80% dos contratos que já foram lançados.

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Sete anos depois do início do projecto, e quando falta ainda outro tanto para o concluir, a Iberdrola apresentou publicamente, e pela primeira vez, o Sistema Electroprodutor do Tâmega, um investimento de 1500 milhões de euros que vai construir três barragens – em Gouvães, Daivões e Alto Tâmega – cuja conclusão está prevista para 2023. A apresentação foi feita nesta quinta-feira a governantes, populações locais e fornecedores, numa altura em que as obras já são visíveis no terreno. Foi também este o dia que a associação ambientalista Rios Livres/Geota escolheu para voltar a criticar a decisão do Governo de avançar com o empreendimento e contestou publicamente os números que foram avançados, alegando que este sistema de barragens “trará muito betão e pouca produção”.

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Sete anos depois do início do projecto, e quando falta ainda outro tanto para o concluir, a Iberdrola apresentou publicamente, e pela primeira vez, o Sistema Electroprodutor do Tâmega, um investimento de 1500 milhões de euros que vai construir três barragens – em Gouvães, Daivões e Alto Tâmega – cuja conclusão está prevista para 2023. A apresentação foi feita nesta quinta-feira a governantes, populações locais e fornecedores, numa altura em que as obras já são visíveis no terreno. Foi também este o dia que a associação ambientalista Rios Livres/Geota escolheu para voltar a criticar a decisão do Governo de avançar com o empreendimento e contestou publicamente os números que foram avançados, alegando que este sistema de barragens “trará muito betão e pouca produção”.

Sem querer entrar na guerra de números, "nem discutir detalhes técnicos que muitos náo perceberão" o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, limitou-se a assegurar que o Governo estará “muito empenhado” no acompanhamento da obra e na fiscalização do cumprimento das medidas de minimização ambiental e de desenvolvimento do ambiente económico e social a que a Iberdrola ficou obrigada.

O governante disse que já não é o momento de pôr em causa o andamento da construção desta barragem – essa oportunidade terminou com a decisão de continuar com o projecto quando todo o Plano Nacional de Barragens foi revisto. “Este projecto é importante para a concretização do Acordo de Paris, que Portugal subscreveu, comprometendo-se a diminuir a sua dependência dos combustíveis fosseis."

“Estamos a falar de um investimento de 1500 milhões de euros e da criação de mais de 13 mil postos de trabalho”, referiu Carlos Martins, repetindo os números apresentados momentos antes pela empresa. Foi a Carla Costa, directora comercial da empresa em Portugal, que coube apresentar alguns números do empreendimento, garantindo que 80% das aquisições que já foram realizadas (quase 425 milhões de euros) foram feitas a empresas portuguesas.  

Os números apresentados pela Iberdrola também indicam que o complexo dotará a região de uma potência instalada de 1158 megawatts (MW), alcançando uma produção anual de 1760 gigawatts hora (GWh), ou seja, 6% do consumo eléctrico do país. "Permite alimentar toda esta região e ainda as cidades de Braga e Guimarães", afirmou Vítor Afonso, responsável pela fiscalização da barragem de Daivões.

São estes números que são contestados pelos ambientalistas: a Rios Livres recorda que uma das barragens do sistema, a de Gouvães, não é uma mera central de turbinagem, mas sim de bombagem de água, e ela própria consumidora de energia. “A central será utilizada para bombear água de, e para, a albufeira de Daivões, através de um túnel hidráulico. Portanto, aos valores de produção de electricidade bruta anunciados tem de ser descontada a electricidade gasta a transportar água, o que faz descer a produção para valores líquidos muito mais baixos (333 GWh/ano) — ou seja, 0,6% dos cerca de 52802 GWh/ano de disponibilidade de energia eléctrica para consumo nacional, em 2014”, afirma a associação, em comunicado.

O Sistema Electroprodutor do Tâmega é apresentado como um dos maiores projectos hidroeléctricos realizados na Europa nos últimos 25 anos. Os 1500 milhões de euros de investimento previstos já incluem os 300 milhões pagos à cabeça, ainda no tempo do Governo de José Sócrates, por altura da obtenção da licença de construção. Este valor incluiu também uma verba que atinge os 50 milhões de euros para desenvolver um plano de acção s´´ocio-económico, para desenvolver e financiar iniciativas sociais, culturais e ambientais, e que foi discutido com todos os municípios da região.