Maior número de sempre de órgãos colhidos para transplante em 2016

Dados do Instituto Português do Sangue e da Transplantação apontam para um aumento de órgãos colhidos de dador falecido.

Foto
Os dadores vivos (pessoas que doam em vida um órgão, neste caso um rim ou porção de fígado) foram 65 no ano passado MARIA JOAO GALA

O número de órgãos colhidos para transplante em 2016 foi o maior de sempre, tendo-se registado pela primeira vez transplantes com órgãos de dadores em paragem circulatória ("coração parado"), segundo a Coordenação Nacional da Transplantação. 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O número de órgãos colhidos para transplante em 2016 foi o maior de sempre, tendo-se registado pela primeira vez transplantes com órgãos de dadores em paragem circulatória ("coração parado"), segundo a Coordenação Nacional da Transplantação. 

Os dados da doação e transplantação de órgãos em 2016, que serão hoje apresentadas pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), em Lisboa, apontam para um aumento de órgãos colhidos de dador falecido, que subiram de 896 em 2015 para 936 no ano passado.

Destes, foram transplantados 784 órgãos, o que reflete uma taxa de utilização de 84% (79% no ano anterior).

O número de órgãos (provenientes de dador falecido, vivo e sequencial) transplantados também aumentou: de 824 para 864.

Destes 864 órgãos transplantados, o maior número ocorreu na transplantação renal (499), seguindo-se a hepática (272), a cardíaca (42), a pulmonar (26) e a pancreática (25).

Segundo a Coordenação Nacional da Transplantação, estes dados representam o "maior número de transplantes hepáticos e pulmonares de sempre" e refletem um "aumento da transplantação renal para valores superiores aos dos últimos quatro anos (2012-2016)".

Em relação aos dadores, o maior número (327) continua a ser de dadores em morte cerebral, ou seja, dadores falecidos a quem foi declarada a morte com base em critérios neurológicos, verificando-se a cessação irreversível das funções do tronco cerebral.

Os dadores vivos (pessoas que doam em vida um órgão, neste caso um rim ou porção de fígado) foram 65 no ano passado.

Nesse período registaram-se transplantes oriundos de 16 dadores sequenciais, os quais são recetores de um transplante de órgão (fígado), cujo órgão nativo pode ser considerado para transplantação noutro doente.

Pela primeira vez registaram-se transplantes de dadores em paragem circulatória, conhecidos como dadores de coração parado, num total de dez.

Estes dadores são pessoas falecidas a quem foi declarada a morte com base em critérios circulatórios, verificando-se a cessação irreversível das funções cardiocirculatórias. Os primeiros transplantes em paragem cardiocirculatória ocorreram em janeiro de 2016, no Hospital de São João (Porto).

Os dadores falecidos, os que se encontram em morte cerebral na altura da colheita do órgão continuam a representar a esmagadora maioria: 327, sendo 10 os dadores em paragem circulatória.

Em relação às causas de morte dos dadores, estas foram maioritariamente médicas (78%), sendo 22% traumáticas.

Os Acidentes Cerebrais Vasculares (AVC) foram responsáveis pela morte de 232 dadores, os Traumatismos Crânio Encefálicos (TEC) por 56, outras causas médicas estiveram na origem de 30 mortes e os TEC com origem em acidentes de viação de 19.