Ministro da Defesa pediu estudo, até Abril, sobre duplo uso do Montijo

Azeredo Lopes admite que está "mais consolidada" a opção pelo uso civil da Base Aérea n.º 6, mas afirma que "nada está ainda decidido".

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A Base Aérea n.º 6, no Montijo, é usada pela Força Aérea Nuno Ferreira Santos

O ministro da Defesa pediu à Força Aérea Portuguesa que realize, até ao final de Abril, um estudo sobre a compatibilização do uso militar com o uso civil da Base Aérea n.º 6 (BA6), no Montijo. José Azeredo Lopes disse esta quarta-feira no Parlamento que pretende ter uma "visão clara e serena sobre como garantir a coexistência" das duas vertentes no Montijo, "amplamente a tempo" de uma decisão do Governo sobre onde instalar uma alternativa ao aeroporto da Portela para alguns voos.

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O ministro da Defesa pediu à Força Aérea Portuguesa que realize, até ao final de Abril, um estudo sobre a compatibilização do uso militar com o uso civil da Base Aérea n.º 6 (BA6), no Montijo. José Azeredo Lopes disse esta quarta-feira no Parlamento que pretende ter uma "visão clara e serena sobre como garantir a coexistência" das duas vertentes no Montijo, "amplamente a tempo" de uma decisão do Governo sobre onde instalar uma alternativa ao aeroporto da Portela para alguns voos.

O governante, que falava na comissão parlamentar de Defesa, lembrou a existência de um grupo de trabalho onde está, além do Ministério da Defesa, também a Força Aérea – que, acredita, fará os devidos "alertas de necessidade de salvaguarda" da operação militar na mesma base apesar do seu eventual uso civil.

Questionado pelo centrista João Rebelo sobre os avanços no plano de decisão de ter a base aérea do Montijo como estrutura complementar ao aeroporto da Portela, Azeredo Lopes admitiu que neste momento "está mais consolidada" a opção Montijo, mas isso não significa que a decisão "esteja tomada".

A BA6 é agora "objecto de estudo mais aprofundado", mas "ainda há muito por resolver e os estudos de impacto ambiental nem sequer estão concluídos", acrescentou Azeredo Lopes. O ministro salientou o "interesse público" do uso civil da infraestrutura e a discussão sobre isso que se arrasta "há décadas", mas defendeu ser fundamental que se "salvaguarde a operação da Força Aérea".

Daí ser necessário estudar as implicações do uso civil do espaço a curto, médio e longo prazo, assim como durante as obras de adaptação, que terão que durar alguns anos. Ou seja, o "quando, o como e os termos da coexistência", especificou o ministro da Defesa.

Recusando que a Força Aérea esteja a ser menorizada no processo, Azeredo Lopes defendeu que "não há uma propriedade da Força Aérea em relação ao Montijo". "Trata-se de garantir que a operação da Força Aérea vai continuar a realizar-se no mesmo plano, com a mesma qualidade e eficiência que teve até hoje" e isso "é imprescindível", reforçou o ministro.

Azeredo Lopes afirmou que também a Força Aérea está pendente da decisão sobre a base para poder optar pelos seus investimentos futuros. Por exemplo, está pendente a decisão de compra de um grande avião de transporte para o qual será necessária a construção de um novo hangar no Montijo e que não será feita sem a decisão do uso complementar civil/militar. Ligada a esta compra está também a decisão de compra de cinco novos helicópteros e a da modernização de alguns aviões C-130.

O secretário de Estado Marcos Perestrello veio reforçar que "o problema" do uso civil da BA6 não está na base mas sim "no ar", ou seja, no tráfego aéreo na bacia do Tejo que já hoje está congestionado. E acusou o PSD e o CDS de terem criado um problema ao garantirem à ANA-Aeroportos que o Estado iria assegurar que seria aumentada a capacidade do tráfego aéreo em Lisboa, apenas para "anteciparem uma volumosa receita para colmatar um problema financeiro, sem se precaverem para as dificuldades que criavam para o futuro".