Pode um tear artesanal tecer um tapete de cortiça? Sim, pode

A marca Sugo Cork Rugs já está criada e o pedido de patente está a seguir o seu caminho. Agora só falta começar a comercializar os tapetes que podem custar entre 220 a 500 euros o metro quadrado.

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A utilização da cortiça para os mais diversos fins não pára de surpreender. E o grupo Amorim, líder mundial do sector, continua a demonstrá-lo,  particularmente nos resultados que está a ter a única incubadora do mundo que se dedica exclusivamente ao negócio da cortiça, a Amorim Cork Ventures (ACV). António Rios Amorim, o presidente do grupo, tinha pedido que chegassem à incubadora ideias inovadoras “fora da rolha” na utilização da cortiça. E essas ideias estão a chegar: depois das chinelas Asportuguesas, que já estão a ser comercializados, vai agora ser lançada no mercado a primeira colecção de tapetes de cortiça tecidos por tecelagem.  

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A utilização da cortiça para os mais diversos fins não pára de surpreender. E o grupo Amorim, líder mundial do sector, continua a demonstrá-lo,  particularmente nos resultados que está a ter a única incubadora do mundo que se dedica exclusivamente ao negócio da cortiça, a Amorim Cork Ventures (ACV). António Rios Amorim, o presidente do grupo, tinha pedido que chegassem à incubadora ideias inovadoras “fora da rolha” na utilização da cortiça. E essas ideias estão a chegar: depois das chinelas Asportuguesas, que já estão a ser comercializados, vai agora ser lançada no mercado a primeira colecção de tapetes de cortiça tecidos por tecelagem.  

Na verdade, este foi um dos primeiros projectos que apareceu na ACV, logo em Dezembro de 2014, mas o desenvolvimento do processo de fabrico acabou por se revelar longo. “Começámos com a pesquisa da tipologia de cortiça adequada para um produto com as caraterísticas e requisitos de um tapete e, neste caso, também com a facilidade de ser cortada, sem perder resistência. Apesar de a cortiça ser a matéria-prima diferenciadora, lembro que a novidade da colecção surge pela conjugação inédita num tapete deste material com lã nacional e com algodão recuperado de grandes produções industriais, uma combinação relevante na medida em que permite oferecer uma colecção versátil, com infinitas possibilidades em termos de visuais”, afirma a criadora da marca, designer de profissão. O desafio passou pela conjugação em tear destas matérias-primas, todas elas com respostas diferentes para o mesmo tipo de ponto.

O desenvolvimento do processo está concluído, a empresa esta criada (é a TD Cork) e a marca também: Sugo Cork Rugs. O pedido de patente já está a seguir o seu curso e Portugal, que já era considerado uma referência na indústria de tapetes vocacionados para o segmento alto e médio alto (com exemplos como os tapetes de Arraiolos ou de Beiriz), tem agora um produto que lhe adiciona outra indústria pela qual é amplamente reconhecido, a cortiça. A cortiça tem propriedades reconhecidas em áreas como o isolamento térmico e acústico, o conforto, e características antialérgicas.

A vocação para a internacionalização é uma condição de acesso à própria Amorim Cork Ventures, como recorda Susana Godinho. Os próximos passos serão dados junto dos programas operacionais que gerem os apoios do Portugal 2020, onde serão apresentadas candidaturas de apoio à internacionalização. “Dadas as valências da colecção Sugo Cork Rugs e o conhecimento que temos dos mercados, antecipamos uma boa aceitação, em especial nos EUA, países nórdicos, Reino Unido e Ásia, para onde canalizaremos numa primeira fase os nossos esforços, designadamente junto do público que aprecia produtos naturais e sustentáveis”, explicou Susana Godinho. O preço de venda ao público do metro quadrado do tapete standard pode variar entre 220 a 500 euros; os tapetes personalizados terão o preço sob consulta, de acordo com os materiais seleccionados, tamanho e tipo de padrão.

Segundo Paulo Bessa, porta voz da ACV, a incubadora disponibilizouapoio no desenvolvimento do projecto ao nível da prototipagem, análise de mercado e aprofundamento dos modelos de negócio. Paralelamente, ofereceu ainda o acesso a financiamento e a um conjunto de competências de gestão, know-how e a redes de contactos em diferentes sectores e países.

Até ao momento, o balanço da Amorim Cork Ventures é “extremamente positivo”, já que desde o lançamento foram já submetidos cerca de 300 projectos de diversos sectores que, em comum, tinham a matéria-prima cortiça, associadas a candidaturas provenientes de 25 países diferentes. A incubadora já permitiu a criação de duas startups, mas por enquanto só duas têm produto no mercado (as chinelas ASportuguesas e os tapetes Sugo Cork Rugs). A ACV tem também a co-propriedade de uma patente numa solução inovadora para o sector da construção (em parceria com uma startup e uma universidade), e ainda quatro projectos em fase de incubação (com desenvolvimento de protótipos e primeiros testes de receptividade do mercado).