Luciana Diniz vai saltar para o “sonho grande”

Luso-brasileira quer lutar pelo pódio na final dos saltos de obstáculos na sexta-feira. “É possível uma medalha”, diz vice-presidente da federação.

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Luciana Diniz na prova desta quarta-feira, em que obteve a qualificação para a final REUTERS/Damir Sagolj

“Salta pelos teus sonhos”. O lema que se vê quando abrimos o site oficial de Luciana Diniz diz tudo sobre a forma como a cavaleira luso-brasileira Luciana Diniz vai encarar a final olímpica de saltos de obstáculos, na sexta-feira, depois de nesta quarta-feira ter cumprido o objectivo de estar na final desta prova equestre nos Jogos Olímpicos.

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“Salta pelos teus sonhos”. O lema que se vê quando abrimos o site oficial de Luciana Diniz diz tudo sobre a forma como a cavaleira luso-brasileira Luciana Diniz vai encarar a final olímpica de saltos de obstáculos, na sexta-feira, depois de nesta quarta-feira ter cumprido o objectivo de estar na final desta prova equestre nos Jogos Olímpicos.

“Estou muito satisfeita, porque o objectivo era a qualificação para a final e agora estamos na final. Tenho o sonho grande e vamos lutar por ele”, afirmou Luciana Diniz, citada pela Lusa, assumindo outra vez o desejo de lutar por um lugar no pódio.

Luciana Diniz, de 45 anos, fechou a fase de qualificação totalizando 13 pontos de penalização. A luso-brasileira tinha acumulado oito pontos de penalização no primeiro dia, fez um percurso limpo no segundo e agora, nesta quarta-feira, foi penalizada com cinco pontos, quatro por um toque e um por tempo. A cavaleira foi uma das três 33.ªs classificadas, sendo quase das últimas a garantir um lugar na final, onde vão estar 35 cavaleiros, mas o resultado foi afectado por um primeiro dia desastrado.

A boa notícia é que para a final todos partem em igualdade, já que as penalizações da fase de qualificação são esquecidas. A final da prova de saltos de obstáculos está dividida em duas partes. Na ronda A, agendada para sexta-feira às 14h (hora de Lisboa), participam os 35 cavaleiros agora qualificados e os 20 melhores seguem para a ronda B da final, que decorrerá a partir das 17h30 de sexta-feira, e que define quem são os medalhados. O pódio será apurado somando os resultados das rondas A e B da final.

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Francisco Louro, vice-presidente da Federação Equestre Portuguesa, diz ao PÚBLICO que “é possível uma medalha no Rio de Janeiro”. “Ela está com uma vontade enorme e estar no Brasil é mais um factor motivacional”, conta o dirigente, sobre o facto de Luciana Diniz ter nascido no Brasil, para onde foi o avô português, nascido na aldeia de Pomares (Guarda). Vem daí a sua ligação a Portugal.

E foi precisamente esse avô que lhe passou o gosto pelos cavalos, conta Francisco Louro. “O avô só deixou de montar aos 82 anos. E a mãe foi dez anos seguidos campeã brasileira de ensino”, diz o dirigente da federação, recordando que Luciana se mudou para a Europa aos 18 anos, para se dedicar aos saltos de obstáculos de forma mais profissional.

Luciana Diniz, que agora vive na Alemanha, nasceu em São Paulo e já representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2004: não chegou à final da prova individual de saltos (foi 38.ª) e ajudou a equipa a ser nona na prova colectiva. Em 2012, já com as cores de Portugal, foi 17.ª classificada na prova individual de saltos. Agora, conta com a ajuda do público para conseguir algo mais.

“A minha família toda está aqui, primos, tios, filhos”, explicou ainda a cavaleira à Lusa, considerando "muito importante" o apoio que terá durante a prova no Centro Equestre do Rio de Janeiro.

Francisco Louro acrescenta que Luciana está “muito mais bem preparada do que há quatro anos”. Porquê? “Ela esteve quatro anos a treinar com esta égua. Em Londres, o cavalo lesionou-se e ela só se preparou com ele durante seis meses.”

A final de sexta-feira “não tem um favorito claro”, analisa Francisco Louro, enumerando os principais rivais de Luciana. “O campeão olímpico em título, o suíço Steve Guerdat, o norte-americano McLain Ward, os alemães Ludgere Beerbaum e Christian Ahlmann, e o canadiano Eric Lamze”, este o melhor classificado na qualificação.

O hipismo (ou equestre) é uma modalidade peculiar no panorama olímpico, não só porque homens e mulheres competem uns contra os outros, mas também porque há um binómio cavaleiro-cavalo em que tudo se decide.

“Fit For Fun” é uma égua com 12 anos, nascida na Alemanha. “Também chamada de Fitti, é a minha “pretty girl” (linda menina). Ela é simplesmente linda e mágica! 'Fit For Fun' tem esse nome por uma boa razão. Montá-la é puro prazer”, escreve Luciana Diniz no seu site oficial.

E como se está a dar esta égua no Rio de Janeiro? “Senti-a perfeita. Na verdade, acho que estava com tanta energia que a falta [penalização] foi por excesso de energia. Estamos prontas para a final. Estou muito feliz mesmo”, disse Luciana Diniz, citada pela Lusa.

A competição equestre tem grande tradição na história do olimpismo português. A seguir ao atletismo (dez) e à vela (quatro), o hipismo é a modalidade que deu mais pódios a Portugal em Jogos Olímpicos: três medalhas de bronze, todas nas provas por equipas (saltos em Paris 1924, saltos em Berlim 1936 e ensino em Londres 1948). Agora, Luciana volta a uma final e espera não ter o azar de há quatro anos, quando o pé saltou de um estribo. O sonho dela é dar uma medalha ao país do avô, 68 anos depois do último pódio olímpico do hipismo português.

Luciana Diniz no país onde nasceu para saltar pelo país do seu avô