“Vivi um sonho que se tornou realidade”, diz Phelps na despedida

Conquista da 23.ª medalha olímpica de ouro foi “a cereja no topo do bolo”.

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Michael Phelps despediu-se das piscinas e da competição com o sentimento de dever cumprido. O ouro na prova de 4x100m estilos nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro deu ao nadador norte-americano a 28.ª medalha da carreira e o 23.º título olímpico. “É a cereja no topo do bolo que eu queria. Não podia estar mais contente”, confessou.

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Michael Phelps despediu-se das piscinas e da competição com o sentimento de dever cumprido. O ouro na prova de 4x100m estilos nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro deu ao nadador norte-americano a 28.ª medalha da carreira e o 23.º título olímpico. “É a cereja no topo do bolo que eu queria. Não podia estar mais contente”, confessou.

Ele era o homem da noite e foi por ele que toda a gente estava à espera. Ninguém arredou pé do Estádio Aquático Olímpico, mesmo quando a cerimónia de pódio se atrasou. Todos queriam ver Michael Phelps subir, pela última vez, ao degrau mais alto e ostentar uma medalha de ouro ao pescoço. De olhos húmidos enquanto ouvia o hino, o nadador não escondeu as emoções. “Ao entrar na piscina esta noite as emoções começaram a vir à superfície. Foi muito mais emocional do que em 2012, mas acho que isso é bom. Posso olhar para a minha carreira e ver que consegui alcançar tudo o que queria”, sublinhou Phelps, acrescentando: “Tudo começou com um miúdo a nadar, e acabou por ser uma coisa espectacular. Vivi um sonho que se tornou realidade. Era algo que queria há tanto tempo. E poder terminar nestes Jogos foi a forma perfeita.”

Phelps iniciou um novo ciclo de ouro para o Team USA

Onde estão guardadas as medalhas? Phelps não revelou, porque isso é algo que não partilha com quase ninguém. “Talvez haja duas ou três pessoas no mundo que saibam. Se o meu filho poderá levá-las para a escola para as mostrar? Oh, não sei... talvez o deixe levar uma. No outro dia ele estava a chorar, mas assim que comecei a balançar uma medalha à frente dos olhos ele sossegou”, contou o nadador.

Phelps exibiu, com os companheiros da estafeta, uma faixa de agradecimento ao Rio de Janeiro. E admitiu que a semana que viveu foi “uma loucura”. “O mais importante nestes Jogos? É o mundo estar a ver-me como realmente sou. Aconteceram tantas coisas incríveis, dia após dia. Estou sem palavras.”

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GABRIEL BOUYS/AFP

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“Todas as medalhas são especiais, de certa maneira. Não sei qual é a minha medalha favorita. É demasiado cedo para dizer, nem sei se consigo escolher uma”, prosseguiu Phelps, confessando que depois da prova que encerrou a jornada nocturna deste sábado no Rio de Janeiro pensou na importância do número 23. Não só representa o total de medalhas de ouro que conquistou em Jogos Olímpicos, mas também a camisola que Michael Jordan usava. “Ele foi uma inspiração para mim em toda a minha carreira. Ver o que ele fez no basquetebol levou-me a querer fazer o mesmo na natação. Estava a pensar nisso hoje, depois da estafeta. O número 23 é especial, sempre foi. E vai continuar a ser”, disse.

Phelps mostrou-se entusiasmado com a etapa que se segue: “Vou começar o próximo capítulo da minha vida. Vou retirar-me, mas não acabei para a natação. É o início de algo novo. Tudo na vida acontece por uma razão específica e eu não mudaria nada. Agora estou no melhor sítio em que alguma vez estive na minha vida. Tenho uma família fantástica, estou feliz a maior parte do tempo. Só há problemas quando tenho fome”, gracejou.

Quanto ao futuro da natação, Phelps destacou os novos valores que estão a surgir. “O Ryan Murphy mostrou-me uma foto que tirei com ele em 2004. Estas fotografias estão todas a aparecer agora, quando os outros tinham 8, 9, 10 anos...”, disse em referência a Joseph Schooling, de Singapura, que o bateu nos 100m mariposa e cresceu a idolatrá-lo. “É entusiasmante ver o que o futuro vai trazer, há muitos nadadores entusiasmantes, a Katie Ledecky, o Adam Peaty, o Ryan Murphy. Não é só um ou dois países, é por todo o lado. Estou muito orgulhoso por ver que é assim e vai continuar a crescer.”

Joe conheceu o herói Phelps em 2008. Agora roubou-lhe o ouro

Numa perspectiva mais pessoal, o nadador mostrou-se satisfeito pela possibilidade de passar tempo com a família. “A Nicole (noiva de Phelps) e eu estamos muito entusiasmados, queremos ser os melhores pais que conseguirmos. Será fantástico fazer parte da vida do Boomer (o filho de ambos) todos os dias, ver o que lhe posso ensinar. Será uma experiência nova, pela qual estamos muito entusiasmados. Queremos continuar a construir uma família. Quero passar cada dia com eles”, concluiu Phelps.

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A noiva e o filho de Phelps nas bancadas REUTERS/Michael Dalder

“Outro Phelps? Não!”

Também presente na conferência de imprensa, o treinador Bob Bowman deixou elogios a Michael Phelps pela coesão que cultivou na equipa. O nadador foi pela primeira vez capitão da equipa (e porta-estandarte dos EUA na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro) e “fez um grande trabalho”, sublinhou o técnico.

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“Se pode surgir outro Michael Phelps? Absolutamente não! Nem ando à procura. Ele é demasiado especial, não é algo que aconteça uma vez numa geração, é mais uma vez em dez gerações. Tinha as capacidades certas, a família, o clube. Ele tem capacidade emocional para ter melhores desempenhos sob pressão. Mas temos valores como a Katie Ledecky, o Ryan Murphy”, enumerou Bowman.

Phelps, que antes de entrar na sala trocou um abraço sentido com o técnico, destacou a ligação que os dois têm: “É toda uma carreira, estou com o Bob há 22 anos. Foram 22 anos incríveis. E conseguir terminar assim, pode dizer-se que foi especial.”

Antes, tinha passado pela sala o jovem Ryan Murphy, companheiro de Phelps na estafeta 4x100m estilos que deu ao homem conhecido como “Bala de Baltimore” a derradeira medalha olímpica. “Pressão? Foi a prova mais vista, por ter sido a última do Michael”, reconheceu.

“Seja em que país for, a natação está em dívida para com o Michael”, acrescentou Murphy, lamentando a retirada do companheiro: “Se fosse eu, e estivesse no topo, seria difícil afastar-me. Mas o que mais pode ele alcançar? A não ser que queira chegar às 30 medalhas...”

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