Mulheres com decote na foto do CV têm mais entrevistas, diz estudo

Estudo mostrou que mulheres que usam decote na fotografia do currículo têm cinco vezes mais probabilidades de conseguir uma entrevista em vendas e contabilidade

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shooterple/Pixabay

Um estudo da Universidade Paris-Sorbonne concluiu que uma mulher que use um decote pronunciado na fotografia do currículo tem cinco vezes mais probabilidades de ser chamada para uma entrevista nas áreas de vendas e de contabilidade do que aquela que usar vestuário mais discreto.

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Um estudo da Universidade Paris-Sorbonne concluiu que uma mulher que use um decote pronunciado na fotografia do currículo tem cinco vezes mais probabilidades de ser chamada para uma entrevista nas áreas de vendas e de contabilidade do que aquela que usar vestuário mais discreto.

A investigação, coordenada por Sevag Kertechian, foi apresentada na semana passada em Londres, na maior conferência ligada à imagem corporal e desfiguração, a Appearence Matters. Tinha como objectivo avaliar a importância da roupa nos processos de candidatura. 

Para isso, duas mulheres candidataram-se a trabalhos em vendas e contabillidade com currículos parecidos, apresentando experiência, capacidades e aspectos semelhantes. Só a fotografia era diferente: uma envergava um decote maior do que a outra. Segundo o "Telegraph", foram enviadas cem candidaturas de cada uma para trabalhos nas duas áreas para garantir que a experiência era "justa".

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As imagens usadas no estudo DR

Das 200 candidaturas para ofertas em vendas, a mulher com o maior decote recebeu mais 62 entrevistas do que a sua contraparte; em contablidade, foram mais 68. Resultdos que mostraram que o vestuário decotado "influenciou significativamente a escolha dos recrutadores, mesmo para posições em contabilidade", assentes num ambiente de escritório, concluiu Sevag Kertechian em declarações ao periódico britânico. "Os resultados foram bastante chocantes e negativos mas não necessariamente surpreendentes — mostram que precisamos de realizar mais estudos."

O estudo inspirou um texto de opinião de Laura Bates, fundadora do "Everyday Sexism Project", que escreve regularmente no "The Guardian". A conclusão sumariza tudo: "Alusões ao que as mulheres devem ou não usar no local de trabalho podem parecer inofensivas à superfície, mas na realidade correm o risco de agravar o sentimento reinante de julgar as mulheres tendo em conta a aparência e não o desempenho. A menos que uma mulher apareça no escritório de biquíni ou fato de neve, devemos concentrar-nos no seu trabalho e não no que está a vestir".