Elas lavam e alimentam as crianças, eles brincam e lêem-lhes

Trabalho doméstico continua longe de ser distribuído de forma partilhada.

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Refeições e banhos são mais com elas, enquanto eles privilegiam actividades como ler, brincar e conversar Martin Henri

Tanto como nas actividades domésticas, persiste uma feminização do trabalho de cuidados com os filhos, sobretudo em relação às crianças mais pequenas, com menos de três anos. Nos casais em que ambos trabalham fora de casa, e no último dia útil anterior ao inquérito, as mulheres dedicaram em média três horas e seis minutos por dia na prestação de cuidados a crianças, enquanto eles apontaram uma média diária de duas horas e 14 minutos. Refeições, banhos e deslocações a actividades e consultas são mais com elas, enquanto eles privilegiam actividades como ler, brincar e conversar.

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Tanto como nas actividades domésticas, persiste uma feminização do trabalho de cuidados com os filhos, sobretudo em relação às crianças mais pequenas, com menos de três anos. Nos casais em que ambos trabalham fora de casa, e no último dia útil anterior ao inquérito, as mulheres dedicaram em média três horas e seis minutos por dia na prestação de cuidados a crianças, enquanto eles apontaram uma média diária de duas horas e 14 minutos. Refeições, banhos e deslocações a actividades e consultas são mais com elas, enquanto eles privilegiam actividades como ler, brincar e conversar.

Não admira, assim, que mais mulheres do que homens tenham declarado que as suas responsabilidades familiares as impedem de dedicar o tempo necessário ao trabalho pago pelo menos algumas vezes (22,8% das mulheres, face a 13,5% dos homens). Eis Josefina, 48 anos e um filho com 15 e outra com 13 anos, em discurso directo no estudo: “Tenho sempre aqueles compromissos com os miúdos e tenho trabalhos que, às vezes, tenho de deixar a meio. Estou concentrada a redigir uma informação qualquer, um trabalho qualquer, e de repente tenho que ir buscar um dos meus filhos.”

O estudo conclui que o nascimento de filhos, sobretudo o nascimento do primeiro filho, constitui muitas vezes “um ponto decisivo no qual se definem ou reforçam assimetrias de género”. Mesmo nos casos em que ambos os elementos continuam a trabalhar a tempo inteiro (e ainda que assumam uma partilha equitativa de responsabilidades pelo sustento económico da família), “o trabalho está longe de ser distribuído de forma partilhada”.

Mas, ao contrário da percepção relativamente ao trabalho doméstico, todos reconhecem que a situação vigente constitui uma sobrecarga para as mulheres. “Vários entrevistados defenderam que as licenças parentais deviam ser repensadas para permitir maior paridade na partilha do tempo entre pai e mãe. É um dos domínios relativamente aos quais as opiniões convergem”, situa Heloísa Perista.