Portugal esteve fora do Euro mas Ronaldo, desta vez, salvou

Depois de ter estado três vezes em desvantagem, a selecção garantiu, com muito sofrimento, o terceiro lugar do Grupo F e vai defrontar a Croácia nos oitavos-de-final.

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Atordoante é um termo aplicável ao que se passou nesta quarta-feira, no estádio de Lyon. Durante 90 minutos o destino de Portugal no Euro 2016 oscilou entre quase todos os cenários possíveis. Esteve fora do torneio durante 32 minutos, ocupava a segunda posição ao apito final, mas acabou por cair para o terceiro lugar por imposição da Islândia. O que até foi uma boa notícia, já que garantiu, mesmo assim, o apuramento para os oitavos-de-final, onde irá defrontar a Croácia, no próximo sábado, em Lens. Num jogo dramático frente à Hungria, acabou por valer um grande Cristiano Ronaldo para garantir o empate final (3-3) que manteve a selecção em França.

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Atordoante é um termo aplicável ao que se passou nesta quarta-feira, no estádio de Lyon. Durante 90 minutos o destino de Portugal no Euro 2016 oscilou entre quase todos os cenários possíveis. Esteve fora do torneio durante 32 minutos, ocupava a segunda posição ao apito final, mas acabou por cair para o terceiro lugar por imposição da Islândia. O que até foi uma boa notícia, já que garantiu, mesmo assim, o apuramento para os oitavos-de-final, onde irá defrontar a Croácia, no próximo sábado, em Lens. Num jogo dramático frente à Hungria, acabou por valer um grande Cristiano Ronaldo para garantir o empate final (3-3) que manteve a selecção em França.

Com dois golos — o primeiro uma autêntica obra-prima — e uma assistência para outro de Nani, o capitão respondeu à avalanche de críticas dos últimos dias e salvou a sua equipa quando ela mais deseperava. Por três vezes, os portugueses estiveram em desvantagem no marcador (sempre na sequência de lances de bola parada: dois livres e um canto) e por três vezes responderam, mantendo-se na zona de sobrevivência do Euro. A selecção segue em frente na prova, até conseguiu evitar o lado “errado” do quadro competitivo, garantindo que não irá encontrar até à final, se for o caso, adversários como a Alemanha, Espanha, França, Itália e Inglaterra, mas o seu desempenho na fase de grupos deixou mesmo muito a desejar. Principalmente para um assumido candidato ao título.

A primeira parte do jogo com Hungria foi do pior que se viu de Portugal neste Europeu. A necessitar de pontuar para garantir um lugar nos oitavos-de-final, a selecção entrou mal na partida. Dominava, pressionava, mas sem pingo de criatividade no último terço do terreno. Já apurados para a fase seguinte, os magiares ficaram na expectativa, até acreditarem que poderiam dar mais uma alegria aos seus adeptos que rivalizavam, em número, com os portugueses nas bancadas.

Se assim o pensaram, melhor o fizeram. Aos 20’, após um canto, Nani aliviou a bola para zona proibida e, à entrada da área, o veterano Zoltán Gera (37 anos) rematou rasteiro, de pé esquerdo, para o primeiro golo do encontro. Foi um murro no estômago nas hostes nacionais, que demoraram a reagir e estiveram mesmo perto de sofrer o segundo, quatro minutos depois, quando Elek se isolou, valendo Rui Patrício para manter viva a esperança.

Portugal voltou a pegar no jogo, mas mantinha as dificuldades de progressão no terreno, até que, aos 42’, surgiu Cristiano. O avançado do Real Madrid encontrou, finalmente, espaço para assistir primorosamente Nani e o seu companheiro do ataque recompensou o erro no golo húngaro, rematando cruzado para o fundo das redes de Király.

O empate ao intervalo, deixava tudo em aberto e boas perspectivas para Portugal, mas não preparou ninguém para a loucura do início do segundo tempo. Logo aos 47’, um livre frontal cobrado por Dzsudzsák embateu na barreira e traiu Patrício. A equipa voltava a estar fora do Euro, mas por poucos minutos, até a arte de Ronaldo voltar a empatar o marcador. Um excelente cruzamento de João Mário, na direita, foi desviado pela estrela portuguesa com o calcanhar para as redes húngaras.

Mas a felicidade de CR7 rapidamente se transformou em frustração. Aos 55’, na sequência de um novo livre de Dzsudzsák, o médio húngaro bisou na partida, com a bola a ser desviada, desta vez, por Nani e a voltar a trair Patrício.

O encontro tornou-se também mais dividido e Fernando Santos voltou a tirar da cartola o “coelho” Ricardo Quaresma. Entrou aos 60’ — na mesma altura em que a Áustria empatou o jogo com os islandeses — para o lugar de André Gomes e, aos 62’, cruzou para a cabeça de Ronaldo fazer o terceiro de Portugal. Face a uma das partidas mais estranhas da sua carreira na selecção, o treinador português não quis correr mais riscos. Aos 81’ chamou Danilo e retirou Nani, reforçando o meio-campo defensivo. A Hungria também estava satisfeita com o resultado e os instantes finais foram uma espécie de anticlímax.

Quando o encontro terminou, Portugal era segundo e iria enfrentar a Inglaterra, mas a Islândia acabou por marcar e vencer nos instantes finais, ultrapassando o conjunto nacional na classificação. E a notícia foi bem recebida pelos portugueses em Lyon. Agora segue-se a fase do “tudo ou nada” e o conjunto nacional tem muito que provar para recuperar o estatuto com que entrou no torneio.