Cartas à Directora

Quem não tem mais que fazer

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Quem não tem mais que fazer

Dizem que deita a casa abaixo e torna a erguer, não sendo certamente o ideal do ponto de vista da utilização racional de recursos. Se as várias transições governativas tiveram sempre um pouco desse molho, mais ou menos disfarçado ou justificado, no governo atual isso apresenta-se como uma imagem de marca assumida: as reversões.

O anterior governo negociou um novo contrato de concessão do Metro do Porto, passando por cima da formalidade do concurso público, no que foi, justamente, muito criticado. O novo governo resolveu reverter a nova concessão, abortando a entrada em vigor do novo contrato. Quando se pensava que o Metro do Porto iria assumir diretamente a operação, vimos a reversão da reversão. O governo prolongou por dois anos o contrato de concessão em curso, no mínimo estranho.

O anterior governo subscreveu contratos de associação com colégios particulares para 3 anos. Este governo altera. Independentemente do fundo da questão, nenhum investimento sobrevive a horizontes de 6 meses. Montar e desmontar uma operação destas não é como ligar e desligar um interruptor.

O país está falido a vários níveis. Precisamos de investimento e especialmente de origem externa. Um critério básico e fundamental é a estabilidade. Ninguém arrisca num contexto onde as regras de jogo não são minimamente estáveis durante o horizonte temporal do projeto. Podemos deixar de brincar a meninos embirrentos e irresponsáveis (para não dizer interesseiros e facciosos)?

Carlos J F Sampaio, Esposende

 

México olímpico

Num gesto de provável boa vontade e melhor intenção, o Público retirou ao México, na edição de ontem, a sua condição de país latino-americano, promovendo-o por omissão ao grupo das nações mais desenvolvidas e civilizadas da América do Norte. Foi a hipótese que formulei ao ler, no texto de Kathleen Gomes, que "O Brasil, que devia ser falado por acolher os primeiros Jogos Olímpicos da América Latina (...)". De facto, foi em 1968 na Cidade do México, então ainda capital de um país latino-americano, que o mítico saltador norte-americano alcançou a fabulosa marca de 8,90 metros no salto em comprimento, batendo o anterior recorde por 55 cm. Mas nem tudo é mau no texto de Gomes, que sabiamente resistiu à tentação de chamar Olimpíadas aos Jogos Olímpicos. Nos tempos que correm é uma proeza. Valha-nos isso.

Francisco Sequeira Andrade, Lisboa

 

O PÚBLICO ERROU

Ao contrário do que foi referido na página 2 da edição de sábado, 14 de Maio, não foi o PÚBLICO que anunciou a decisão do Governo de limitar os contratos de associação com colégios a zonas onde não exista oferta pública. A vontade do Governo de alterar os termos em que estes contratos têm sido celebrados, foi tornada pública através do despacho sobre as normas das matrículas, que foi publicado em Diário da República no dia 15 de Abril. Com este diploma, a frequência destes colégios passará a ser restringida aos alunos que residam nas suas áreas geográficas. Na sequência desta mudança, tanto o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, como a secretária de Estado Alexandra Leitão, explicitaram no Parlamento, logo no dia 19, e por várias vezes depois, a sua intenção em não autorizar novas turmas de início de ciclo aos colégios que estejam na vizinhança de escolas públicas.