Populações de lince na Península Ibérica já ultrapassam os 400 animais

Uma nova estirpe da febre hemorrágica nos coelhos persiste como uma das principais ameaças à sobrevivência do felino, a par dos atropelamentos que em três anos mataram 51 animais.

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Myrtilis foi encontrada morta no passado dia 1 de março Héctor Garrido/Banco Audiovisual da Andaluzia

A Junta Regional da Andaluzia anunciou nesta segunda-feira que o último censo efectuado no início de 2016 às populações do lince ibérico (Lynx pardinus) na Península Ibérica registou 404 exemplares: 361 (327 em 2014) na comunidade autónoma andaluza e 43 animais distribuídos pelos povoamentos de Montes de Toledo e Sierra Morena Oriental e Ocidental, Matachel e Vale do Guadiana (Portugal). É o maior número de animais registado nos últimos 15 anos.

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A Junta Regional da Andaluzia anunciou nesta segunda-feira que o último censo efectuado no início de 2016 às populações do lince ibérico (Lynx pardinus) na Península Ibérica registou 404 exemplares: 361 (327 em 2014) na comunidade autónoma andaluza e 43 animais distribuídos pelos povoamentos de Montes de Toledo e Sierra Morena Oriental e Ocidental, Matachel e Vale do Guadiana (Portugal). É o maior número de animais registado nos últimos 15 anos.

O principal aumento verifica-se na população da Sierra Morena, um dos principais núcleos de linces, que passa de 247 para 285 exemplares, refere a Agência Europa Press.

Contudo, o felino continua a ser vítima de atropelamentos - em três anos foram mortos 51 animais, refere a World Wildlife Fund (WWF) - e, sobretudo, dos efeitos de uma nova estirpe hemorrágica viral no coelho, presa básica do lince, que levaram a um “reajuste” das populações de linces nos povoamentos Cardena-Andújar e Doñana-Aljarafe, onde se regista uma redução das populações de coelhos.

Os levantamentos realizados no âmbito do projecto LIFE+ Iberlince indicam que, devido ao impacto da nova estirpe da enfermidade hemorrágica viral, as populações de coelhos “caíram mais de 50% na maior parte dos habitats de lince”, garante a WWF. Esta situação é especialmente preocupante em redor de Doñana, cuja população, apesar da manutenção de um alto número de fêmeas, se viu “reduzida pelo segundo ano consecutivo a valores de há cinco anos com um número de crias muito baixo”, acentuou a organização ambientalista.

A redução do número de coelhos obrigou a Junta de Andaluzia a aplicar um “plano de choque” em Doñana-Aljarafe e Andújar-Cardeña através do repovoamento com exemplares silvestres em áreas cercadas construídas no âmbito do projecto LIFE+ Iberlince. Com estes repovoamentos conseguiu-se “travar a queda” nas populações de lince ibérico.  

O conselheiro para o Meio Ambiente e Ordenamento do Território da Junta de Andaluzia, José Fiscal, precisou à Europa Press que está em marcha um plano de intervenção contra os efeitos da doença hemorrágica e um levantamento dos principais “pontos negros” dos atropelamentos. Pragmático, adverte que estes “vão continuar mas espera-se que sejam em menor número.”

A WWF classifica os dados dos censos divulgados pela Junta Regional de Andaluzia de “animadores” por apontarem para uma recuperação do lince ibérico, pese embora a situação “crítica” do coelho silvestre na maior parte da Península Ibérica. E pede medidas de acção contra os atropelamentos e a escassez de presas.