Condutor e proprietário da carrinha ainda não foram ouvidos, por continuarem em choque

No veículo seguiam 12 emigrantes portugueses que morreram depois de um choque frontal com um camião, em França. A polícia está à procura de testemunhas.

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Os corpos das vítimas deverão ser repatriados na terça-feira à tarde AFP

As autoridades francesas ainda não conseguiram ouvir nem o proprietário, nem o jovem motorista da carrinha em que seguiam os 12 emigrantes portugueses que morreram na quinta-feira à noite num acidente em França, indicou ao PÚBLICO o comissário das comunidades portuguesas em Lyon, Manuel Lima. “Essa é a informação que tenho. Estão os dois internados em alas psiquiátricas e sem condições para serem ouvidos”, afirmou este domingo à noite.

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As autoridades francesas ainda não conseguiram ouvir nem o proprietário, nem o jovem motorista da carrinha em que seguiam os 12 emigrantes portugueses que morreram na quinta-feira à noite num acidente em França, indicou ao PÚBLICO o comissário das comunidades portuguesas em Lyon, Manuel Lima. “Essa é a informação que tenho. Estão os dois internados em alas psiquiátricas e sem condições para serem ouvidos”, afirmou este domingo à noite.

O motorista de 19 anos foi o único sobrevivente do acidente, tendo apenas partido o pulso, mas encontra-se em estado de choque. O proprietário da carrinha, que é seu tio, também foi encontrado em choque no local do acidente, embora não seguisse naquele veículo. Segundo o jornal regional francês La Montaigne, que tem acompanhado de perto o caso, os elementos já recolhidos no âmbito da investigação ao inquérito dão conta de que seguia a bordo “de um outro veículo” que acompanhava o carro acidentado - e que “desapareceu no nada” depois do acidente, não tendo sido encontrado até ao momento.

Três das vítimas mortais eram familiares do condutor, que por ter apenas 19 anos não possuía habilitação legal para conduzir tantos passageiros. Mesmo que o veículo estivesse homologado para transportar 12 passageiros (o que não era o caso) não o poderia conduzir, já que 21 anos é a idade mínima para ter a carta de condução de pesados de passageiros.

“Há questões legítimas que se podem pôr acerca da carrinha acidentada”, observou o secretário de Estado francês dos Transportes, Alain Vidal, em declarações a uma estação de rádio, secundando assim o procurador encarregue da investigação - que já tinha afirmado que a Mercedes Sprinter não podia funcionar como autocarro porque não era “adequada, por natureza, ao transporte colectivo”.

Foi depois de se ter desviado para a faixa contrária que a carrinha colidiu de frente com o camião. Entre as 12 vítimas mortais, emigrantes que tinham partido do cantão de Friburgo, na Suíça, e rumavam a Portugal para passar a Páscoa, havia uma menina de sete anos. Os elementos recolhidos até agora apontam para que o veículo posuísse apenas seis lugares homologados. Terá sido acrescentado um banco para mais três pessoas, mas na carrinha seguiam 12 passageiros mais o motorista.

Vários jornais portugueses noticiaram neste domingo que por esta razão, e também pela falta de habilitação legal do condutor, a seguradora poderia recusar-se a pagar às famílias das vítimas. Em declarações à TVI, uma fonte oficial da seguradora Liberty esclareceu, porém, que neste momento “ninguém está em posição de afirmar nada em termos de responsabilidades, porque as perícias policiais ainda não estão concluídas”.

Repatriamento na terça?

Também segundo o La Montaigne, a razão mais provável para o acidente terá sido um “erro de condução. “A pista que aponta para uma ultrapassagem [mal feita] começa a impor-se”, informou no sábado o procurador de Moulins, Pierre Gagnoud. A polícia francesa está agora à procura de testemunhas que tenham presenciado o acidente, por forma a conseguir reconstituir os factos. E estará também a reconstruir a carrinha, para apurar quantos lugares de facto existiam.

O secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, irá esta segunda-feira a Lyon para, "de uma forma mais próxima dos serviços consulares, e também mais próxima das famílias, acompanhar todas as diligências que têm vindo a ser desenvolvidas e aquelas que terão de se desenvolver, até à trasladação dos corpos", indicou à agência Lusa.

Onze das 12 famílias optaram por prescindir do transporte aéreo oferecido pelo Governo português para o repatriamento dos corpos, operação que preferiram entregar a agências funerárias. Os corpos serão assim transportados por estrada em carrinhas funerárias, o que se espera possa acontecer na terça-feira à tarde.