Quando se fala de álcool, droga e tabaco não há diferenças de género

O estudo destaca que tendem a desaparecer as diferenças de consumos conforme o género, mas que actualmente são mais as raparigas com consumos de bebidas destiladas

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Yutacar/Unsplash

Nos últimos quatro anos, os jovens entre os 13 e os 16 anos diminuíram o consumo de álcool, tabaco e droga, mas entre os 17 e os 18 anos há uma tendência para estabilizar ou mesmo aumentar os consumos. No entanto, estas reduções permitiram a Portugal alcançar em 2015 a meta definida para a redução do consumo de droga e ultrapassar as definidas para o álcool e tabaco, em 2016.

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Nos últimos quatro anos, os jovens entre os 13 e os 16 anos diminuíram o consumo de álcool, tabaco e droga, mas entre os 17 e os 18 anos há uma tendência para estabilizar ou mesmo aumentar os consumos. No entanto, estas reduções permitiram a Portugal alcançar em 2015 a meta definida para a redução do consumo de droga e ultrapassar as definidas para o álcool e tabaco, em 2016.

As conclusões constam do Estudo sobre Consumos de Álcool, Tabaco, Drogas e outros Comportamentos Aditivos e Dependências — 2015 (ECADT-CAD), do SICAD, que fazem parte de um projecto europeu, mas numa versão mais alargada, e que foi apresentado esta quarta-feira. Os resultados deste estudo, que avaliou os consumos de populações escolares entre os 13 e os 18 anos em 2015, permitem "caracterizar situações que emergem ou que reforçam algumas tendências que o anterior estudo (2011) já antevia".

Assim, no ano passado continuava a existir "acentuada progressão dos níveis de consumo ao longo das idades para o consumo de substâncias", sendo que as percentagens de adolescentes com elevadas frequências de consumo de substâncias (como embriaguez ou "binge drinking") "continuam muito elevadas e portanto passíveis de causar danos reais".

O estudo destaca que tendem a desaparecer as diferenças de consumos conforme o género, mas que actualmente são mais as raparigas com consumos actuais (últimos 30 dias) de bebidas destiladas (13 e 14 anos), com situação de embriaguez (aos 13 anos) e com consumo de tabaco (13 e 16 anos). Além disso, no caso dos medicamentos, as raparigas continuam a apresentar uma prevalência ao longo da vida maior do que os rapazes.

Quanto à internet, é usada pela maioria dos adolescentes, sobretudo redes sociais, downloads/streaming e pesquisa de informação, sendo o jogo ("gaming") maioritariamente associado aos rapazes e com maior prevalência aos 14 anos.

Avaliando a evolução entre 2011 e 2015, conclui-se que as prevalências de consumo de álcool diminuíram para quase todos os grupos etários, com excepção dos 17 e 18 anos em que há estabilidade quanto à experimentação e consumos recentes. No que respeita à embriaguez, há também diminuição de prevalência em todos os grupos etários, com excepção dos 18 anos em que há estabilidade.

Segundo o estudo, no âmbito dos consumos actuais, verificou-se uma diminuição das prevalências de consumo de cerveja e de bebidas destiladas em todas as idades. O consumo do vinho estabilizou nos 13, 14 e 16 anos e aumentou nos 15, 17 e 18 anos, enquanto os "alcopops" diminuíram nos 13 e 14 anos, estabilizaram nos 15 anos e aumentaram dos 16 aos 18 anos.

As prevalências de consumo de tabaco também diminuíram entre os jovens dos 13 aos 17 anos, e estabilizaram nos 18 anos. Quanto ao consumo de droga, a tendência global de experimentação diminuiu entre os 14 e os 16 anos, estabilizou nos 17 e aumentou nos 18 anos.

A droga mais consumida, a cannabis, foi menos consumida entre os 14 e os 16 anos, não teve alterações de consumo nos 13, 15 e 17 anos e aumentou aos 18 anos. No que respeita a drogas mais pesadas — alucinogénios, cocaína e heroína —, no geral, o seu consumo diminuiu entre os 14 e os 17 anos, verificando-se uma estabilização do consumo na faixa etária mais jovem — 13 anos. As anfetaminas foram menos consumidas pelos alunos de 14 e 16 anos, mas estabilizaram no consumo de jovens com 13, 15, 17 e 18 anos.