Curadora Mariana Pestana leva design ao Fórum de Davos

Doze projectos querem criar debate sobre o impacto de algumas tecnologias no futuro. Curadora é uma arquitecta portuguesa

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Mariana participou na Trienal de Arquitectura de Lisboa, em 2013 DR

Criar reflexão e debate sobre o impacto de certas técnicas e tecnologias no futuro. É este o objectivo da exposição de design, no Fórum Mundial Económico de Davos, que começa quarta-feira. "São 12 projectos que levantam questões sobre o design a várias escalas. Mostram modos como neste momento desenhamos e construímos a uma variedade de escalas e como se relacionam e levantam questões éticas sobre o mundo de amanhã", explicou a curadora portuguesa Mariana Pestana.

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Criar reflexão e debate sobre o impacto de certas técnicas e tecnologias no futuro. É este o objectivo da exposição de design, no Fórum Mundial Económico de Davos, que começa quarta-feira. "São 12 projectos que levantam questões sobre o design a várias escalas. Mostram modos como neste momento desenhamos e construímos a uma variedade de escalas e como se relacionam e levantam questões éticas sobre o mundo de amanhã", explicou a curadora portuguesa Mariana Pestana.

A exposição para Davos foi encomendada ao museu britânico Victoria & Albert, com a qual Mariana Pestana está actualmente a colaborar, na organização de uma mostra sobre o Futuro, programada para 2017. Um dos projectos é um trabalho da artista Heather Dewey-Hagborg que, a partir de amostras de cabelo e saliva, construiu um retrato de Chelsea Manning, o soldado norte-americano na origem do caso Wikileaks, que divulgou documentos secretos diplomáticos e militares. "É um retrato completamente realista, usando um processo usado pela polícia para gerar retratos de suspeitos, a partir de amostras de ADN. Mas levanta a questão sobre como conseguimos manipular informação a partir de rastos que deixamos", vincou Mariana Pestana. Em causa está também, acrescentou, a ética e a criatividade de quem gera retrato, já que a polícia introduz parâmetros que podem incluir género e etnia.

Outros elementos da exposição incluem um trabalho sobre a criação de artérias artificiais, processo que alude ao debate sobre a criação de órgãos artificiais, de roupas com painéis solares para produzir energia ou à possibilidade de produção de armas, através de impressoras de três dimensões, abrangendo temas como as mudanças climáticas, a segurança ou a vigilância.

"O contexto de Davos é interessante, porque as pessoas que decidem o mundo estão lá e esta é uma oportunidade de levar preocupações, perguntas e questões éticas que parecem importantes nesse contexto", afirmou Mariana Pestana. A exposição estará à entrada do centro de congressos, na estância de ski de Davos, na Suíça, que acolhe, até sábado, o evento que estima reunir mais de 2500 participantes de mais de cem países, incluindo empresários, políticos, académicos, membros da sociedade civil e agentes culturais.

Arquitecta de formação, Mariana Pestana  — com quem o P3 falou em 2014 —instalou-se em Londres, em 2008, para realizar um mestrado, tendo desde então participado em várias ações ligadas à arquitectura e design, sendo co-fundadora do colectivo The Decorators. Entre as exposições que programou recentemente conta-se a participação na Trienal de Arquitectura de Lisboa, em 2013, e no Festival de Design de Londres, em 2015.