Palbit, uma PME que enfrenta a concorrência das grandes multinacionais

Empresa tem 200 funcionários e produz ferramentas de metal duro, que exporta para mais de 60 países.

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Os homens não se medem aos palmos e a dimensão das empresas também não se mede em número de trabalhadores e volumes de facturação. O sucesso das empresas pode, antes, medir-se na capacidade de produzir com precisão e qualidade e com estas características ombrear nos mercados com os grandes players multinacionais. É o caso da Palbit, uma empresa de 200 funcionários que se dedica à produção de ferramentas de metal duro e que exporta para mais de 60 países.

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Os homens não se medem aos palmos e a dimensão das empresas também não se mede em número de trabalhadores e volumes de facturação. O sucesso das empresas pode, antes, medir-se na capacidade de produzir com precisão e qualidade e com estas características ombrear nos mercados com os grandes players multinacionais. É o caso da Palbit, uma empresa de 200 funcionários que se dedica à produção de ferramentas de metal duro e que exporta para mais de 60 países.

“Quando adquirimos a empresa a sua produção era essencialmente para marcas terceiras. Não descuramos o mercado de private label [que ainda tem um peso de 45% nas contas], mas procuramos propiciar novas condições para a empresa, decidindo criar a nossa própria marca e gama de produtos, e com isso fazer o ataque ao mercado a nível mundial”, resume Jorge Ferreira, um dos três administradores da Palbit que, em 2002, avançou com um management buy out (MBO) da empresa, operação que a resgatou das dificuldades financeiras que então atravessava. “Triplicámos o volume de negócios e no centro de toda essa estratégia esteve, como não podia deixar de ser, a inovação”, sintetiza.

Foi uma aposta ganha e, este ano, reconhecida com o prémio PME Inovação COTEC-BPI . A rapidez com que a Palbit consegue dar resposta ao mercado, desenvolvendo novas ferramentas e criando novas linhas de produto é o principal argumento que apresenta quando vai ganhando quota de mercado e competindo directamente com grandes multinacionais. Uma das vantagens que possuiu é o conhecimento profundo que existe na empresa de todo o ciclo de produção – desde a matéria-prima (a empresa chegou a ter uma exploração mineira, as minas de galena do Palhal, e domina todas as técnicas de trabalho com o zinco e o cobre e agora, também, com o tungsténio, o principal material com que trabalha), até ao produto final, operando numa área em que a precisão e a durabilidade desses mesmos produtos são as características mais valorizadas. “Somos uma empresa de alto valor acrescentado, muito tecnológica, e com requisitos de tolerância muito apertados. Trabalhar com intervalos de cinco microns é algo normal. Não podemos falhar”, diz Jorge Ferreira.

Com um volume de facturação anual a rondar os 12 milhões de euros, o administrador diz que num ano de fraco investimento em inovação este atinge sempre o milhão de euros. “Nos bons anos, esse investimento pode chegar a três milhões”, recorda, referindo-se aos investimentos avultados a que pode chegar a aquisição de maquinaria. Daniel Figueiredo, director do gabinete de desenvolvimento e inovação, refere que os projectos de investigação envolvem cerca de quatro milhões de euros. “É um objectivo que perseguimos: cerca de 20% do que estamos a vender em determinado ano deve estar relacionado com um projecto que tenha sido  desenvolvido internamente nos últimos quatro anos”, argumenta, porque também são estes projectos que trazem mais escala e mais margem de rentabilidade à empresa.

Cerca de dois terços dos recursos humanos continuam afectos à produção, mas não é segredo que esta se quer cada vez mais robotizada. E a política é de que cada vez que um funcionário termina o contrato na empresa (por questões de idade e reforma) é substituído sempre por técnicos qualificados. “Quase sempre licenciados em engenharia”, sintetiza Jorge Ferreira.

A Palbit actua em três áreas de negócio distintas sendo que é nas ferramentas de corte que encontra maior volume de negócio de produção - pesam cerca de 87% da facturação. Trata-se de peças de grande durabilidade, usadas em praticamente tudo quanto é processo industrial, tendo a Palbit clientes nos sectores ferroviário, automóvel, energia ou aeroespacial. Outra área de negócio, e que pesa 12% na facturação da empresa, são as ferramentas anti-desgaste, muito usadas na área de produção de papel, por exemplo. A terceira área, quase residual, são as ferramentas para pedreiras. A empresa tem mais de 15 mil referências na sua carteira de produtos, sendo que em volume de produção recorrente concentra a sua actividade em cerca de 4500 referências. “Ao contrário da maioria dos negócios, nós só conseguimos vender uma ferramenta quando provamos que a nossa é melhor do que a do concorrente”, termina o administrador.

 

Nome: Palbit

Data de Fundação: 2004

Actividade: Ferramentas de metal duro

Sede: Albergaria-A-Velha

Sócios: 3

Trabalhadores: 200

Facturação: 12 milhões de euros

Mercados externos: 60 países

Produtos: Ferramentas de corte, ferramentas de anti-desgaste, ferramentas para pedreiras