A indústria dos videojogos em Portugal vale milhões!

O que está a acontecer em Portugal não é uma simples brincadeira. E o melhor ainda está para vir

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Pawel Kadysz/Unsplash

Isso mesmo. Leram bem (o título desta crónica). A nossa modesta indústria e consumo de videojogos expandiu-se para valores nunca antes vistos em Portugal. Sem dúvida alguma, o nosso país e a sua indústria de videojogos tem crescido muito nesta década.

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Isso mesmo. Leram bem (o título desta crónica). A nossa modesta indústria e consumo de videojogos expandiu-se para valores nunca antes vistos em Portugal. Sem dúvida alguma, o nosso país e a sua indústria de videojogos tem crescido muito nesta década.

Segundo o site alemão Statista, o mercado mobile dedicado aos jogos no nosso país vai passar rapidamente os 30 milhões de euros anuais, e o site Newzoo, coloca Portugal na 33.ª posição no seu ranking mundial de "Top 100 countries by game revenues". Segundo estes dados, o nosso mercado, na sua totalidade, vale cerca de 220 milhões de dólares (cerca de 200 milhões de euros). Mas será isto assim tão surpreendente? Talvez sim, talvez não.

A verdade é que Portugal tem captado alguma atenção de empresas internacionais, e não é por mero acaso, que tanto a Miniclip como a Marmalade tenham filiais portuguesas. Aliás, nem vão estar sozinhas durante muito tempo. Múltiplos representantes, alguns de grande renome, têm-se deslocado ao nosso país para estudar a possibilidade em abrirem por cá uma divisão. Neste momento, temos os trabalhadores especializados, o conhecimento, a atitude e até a geografia essencial para que isso aconteça num futuro não muito distante.

Talvez porque, ao contrário de muitos países do leste europeu, cuja mão-de-obra especializada também é acessível, a sombra da Rússia em Portugal não é tão ameaçadora, e não estamos a uma distância assim tão colossal do Canadá, dos EUA, da França e mesmo do Reino Unido. Produtoras nacionais como a Bica Studios, a B5, a Nerd Monkeys, a Upfall Studios, a Wingz, a Tio Atum, a Battlesheep, entre muitas outras, têm desbravado novos caminhos e, nalguns casos, conseguido trazer investimento para o país. E isso só acontece porque há qualidade e reconhecimento das suas capacidades.

Em termos de público receptivo aos videojogos, basta ver a adesão da Lisboa Games Week, que em apenas duas edições já passou a fasquia dos 100 mil visitantes. Segundo dados da ISFE, 40% da população portuguesa joga, e um em cada quatro dultos joga pelo menos uma vez por semana.

Noutros eventos, como o Microsoft Game Dev Camp, são claros os esforços da Microsoft em criar um ecosistema de videojogos em Portugal, enquanto a Sony, reconheceu por várias vezes a importância de Portugal na sua estratégia europeia.

Se estas grandes marcas estão atentas ao nosso país é por alguma (boa) razão. No mundo académico, com mais de sete cursos universitários e profissionais, há cada vez mais inscritos e alunos interessados nesta indústria. Só este ano, existem mais de 500 estudantes de videojogos no país. E para o ano, especula-se que este número tenha tendência para duplicar, ou até mesmo triplicar.

Tudo isto pode parecer avassalador, mas será mesmo assim ou ainda é pouco? Basta ver que em 2011 havia cerca de uma dúzia de empresas e neste momento, mesmo após período de intensa crise, supostamente "super-catastrófico" para o país, esta indústria cresceu e existem agora mais de cem produtoras de videojogos.

Sim, Portugal vale milhões, já chegou a altura de reconhecermos que esta indústria é importante para o país. Não são "joguinhos", são "jogões". Esta maquinaria que desenvolve jogos, que consume, que trabalha em "outsourcing" para os grandes títulos mundiais, demonstra plenamente que o que está a acontecer em Portugal não é uma simples brincadeira. E o melhor ainda está para vir.