Jardim recua na candidatura a Belém e apoia Marcelo Rebelo de Sousa

Histórico do PSD-Madeira justifica decisão de abandonar a corrida com a falta de apoios financeiros e tratamento dado pela comunicação social.

Foto
Governo da Madeira, liderado por Alberto João Jardim, pediu ajuda financeira o ano passado Pedro Cunha

O ex-presidente do Governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, não vai avançar com uma candidatura à Presidência da República e vai apoiar Marcelo Rebelo de Sousa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O ex-presidente do Governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, não vai avançar com uma candidatura à Presidência da República e vai apoiar Marcelo Rebelo de Sousa.

Jardim chamou esta quinta-feira à tarde os jornalistas à sede da Fundação Social-Democrata, no Funchal, para anunciar que não será candidato a Belém, e colocar-se ao lado de Rebelo de Sousa.

“Confio na sua coerência com os valores que sempre nortearam a sua vida, confio na sua independência pessoal e científica, nas Suas rigorosas concepções e práticas da doutrina social cristã, confio no seu conhecido distanciamento à política austeritária da direcção do partido a que pertencemos e na sua vontade de mudança”, disse Jardim, ressalvando que ambos estão em lados “opostos” na forma como olham para o actual sistema político que “vem destruindo” o país.

“Devo amizade e atenções ao professor Marcelo Rebelo de Sousa”, acrescentou o histórico líder social-democrata madeirense, justificando o recuo na candidatura com a falta de apoios financeiros e com a forma como a comunicação social trata as candidaturas fora dos partidos políticos.

Sem apoio do partido, com quem, de resto, sublinha  “não estar alinhado” com a linha de austeridade que está a ser seguida pela direcção nacional, e sem o “dinheiro imprescindível” para uma campanha presidencial, Jardim contava com o apoio popular, que não se materializou.

“Sei que quase toda a denominada ‘informação’ está submetida à vontade destes poderes que controlam o sistema político-consctitucional, pelo que não me é possível um acesso à opinião pública nas mesmas condições dos candidatos aceites e lançados pelo situacionismo do regime”, acusou justificando a ausência de apoio popular à candidatura com uma mistura de “conformismo desgraçado”, “preguiça burguesa” e “confessados e visíveis” receios por parte de algumas pessoas.

Assim, e mesmo com o “maciço entusiasmo” com que as propostas que defende foram recebidas, o ex-governante madeirense reconhece que não existiu o envolvimento necessário das pessoas.

“Decidi não protagonizar quixotismos nas eleições presidenciais, apesar de, só na Madeira, ter reunido o volume necessário de apoios para apresentar a candidatura”, afirmou, mostrando-se convicto de que o futuro dará razão às propostas que defendeu.

Alberto João Jardim lançou, a 14 de Julho deste ano, uma pré-candidatura à Presidência da República, data em que se assinala, em França, a Tomada da Bastilha. Num extenso documento, colocado numa página criada para o efeito no Facebook, Jardim propunha uma reforma constitucional de fundo, que permitisse ao país avançar para um regime presidencialista, dentro de um modelo federalista, e a extinção do Tribunal Constitucional, passando essas competências para os juízes do Supremo Tribunal de Justiça.

O manifesto Mudar Portugal, que apresentou dias depois, defendia também a redução de deputados na Assembleia da República, a criação de círculos eleitorais uninominais a par do nacional e do regional, e instituía a constitucionalização de medidas orçamentais e fiscais para, no entender de Jardim, tornar o país mais atractivo para os investidores.