Corticeira Amorim vendeu acções próprias para reforçar liquidez do título

Venda particular de 7,3 milhões de acções foi feita a investidores institucionais.

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António Rios Amorim surpreende mercado com venda de acções próprias. Nelson Garrido

Em declarações ao PÚBLICO, a empresa esclareceu que "ao longo dos últimos tempos, a Corticeira Amorim tem constatado o crescente interesse de analistas e investidores pelo título, e  ponderando esse interesse e as vantagens de reforçar o free-float e a liquidez do título, foi decidido alienar as acções próprias detidas, numa oferta particular de venda, dirigida exclusivamente a investidores institucionais, assim alargando a base accionista da sociedade".

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Em declarações ao PÚBLICO, a empresa esclareceu que "ao longo dos últimos tempos, a Corticeira Amorim tem constatado o crescente interesse de analistas e investidores pelo título, e  ponderando esse interesse e as vantagens de reforçar o free-float e a liquidez do título, foi decidido alienar as acções próprias detidas, numa oferta particular de venda, dirigida exclusivamente a investidores institucionais, assim alargando a base accionista da sociedade".

A venda foi feita ao preço unitário de 4,45 euros, estimando a empresa que o montante total do encaixe ascenda a 32,9 milhões de euros. As acções da Corticeira encerraram esta quinta-feira a subir 1,87%, para 4,79 euros.

Em resposta a questões do PÚBLICO sobre o destino a dar à receita da venda, a empresa limita-se a adiantar que "a administração decidirá a aplicação do encaixe financeiro da operação da forma que melhor sirva a actividade da sociedade, os interesses dos seus stakeholders e a criação de valor para o accionista".

A venda das acções foi feita em processo de accelerated bookbuilding (venda rápida), permitindo um encaixe de fundos. Este modelo não é muito frequente no mercado português. Mas a compra de acções próprias, especialmente em momentos de forte desvalorização dos títulos, é feita por muitas empresas cotadas.Esse títulos são posteriormente vendidos ou anulados.

Em declarações ao PÚBLICO, José Mota Freitas, analista do Caixa BI, vê na decisão da Corteira Amorim “a virtude de aumentar a liquidez do título, que é muito reduzida, e que é um factor que tem penalizado negativamente a performance das acções”.

José Mota Freitas, que acompanha a empresa, destaca o reduzido free float como um factor penalizador para a empresa, já que tem cerca de 90% do seu capital concentrado em investidores familiares e institucionais.

O analista da Caixa BI considera que se trata de “uma empresa interessante, tem indicadores financeiros sólidos e a distribui dividendos altos”.

No final do primeiro semestre, a Corticeira apresentava uma dívida líquida de 92 milhões de euros. Se o encaixe da venda fosse abatido à dívida, o valor desceria para 60 milhões de euros.

A Corticeira Amorim é líder mundial na transformação de produtos de cortiça, com um volume de negócios superior a 500 milhões de euros em 103 países.

No primeiro semestre, a empresa anunciou que as vendas ultrapassaram pela primeira vez os 300 milhões de euros, tendo-se fixado nos 309,2 milhões de euros, um crescimento de 7% face a igual período do ano anterior.

Após a estimativa de imposto sobre o rendimento, e dos interesses que não controlam, o resultado líquido atribuível aos accionistas cifrou-se nos 26,2 milhões de euros, uma subida de 42,4% face aos primeiros seis meses de 2014.