É utilizador do site Ashley Madison? Os seus dados podem estar na Internet

Piratas informáticos revelam informações pessoais sobre milhões de utilizadores. Site facilita encontros amorosos a pessoas casadas.

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Reuters/Chris Wattie/Files

Segundo a revista Wired, os dados incluem milhões de transacções financeiras, endereços de correio electrónico e números de telefone de pessoas registadas no site. "Os dados publicados parecem ser verdadeiros, e contêm nomes de utilizadores, palavras-passe, dados de cartões de crédito [apenas os últimos quatro dígitos], moradas, nomes completos, e muito, muito mais", disse Dave Kennedy, da empresa de segurança TrustedSec, citado pela agência AFP.

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Segundo a revista Wired, os dados incluem milhões de transacções financeiras, endereços de correio electrónico e números de telefone de pessoas registadas no site. "Os dados publicados parecem ser verdadeiros, e contêm nomes de utilizadores, palavras-passe, dados de cartões de crédito [apenas os últimos quatro dígitos], moradas, nomes completos, e muito, muito mais", disse Dave Kennedy, da empresa de segurança TrustedSec, citado pela agência AFP.

Cerca de 15 mil e-mails são endereços governamentais ou militares e, de acordo com o blogue britânico Political Scrapbook, a listagem inclui 92 endereços electrónicos do Ministério da Defesa do Reino Unido.

A fuga de dados poderá ser problemática para os utilizadores, segundo o investigador independente Graham Cluley. "Algumas pessoas ficarão vulneráveis a chantagens, se não quiserem que pormenores do seu comportamento ou das suas inclinações sexuais se tornem públicas", afirmou.

Porém, o mesmo especialista nota que um email na base de dados do Ashley Madison "não significa nada", porque o site "nunca se preocupou em verificar os endereços de fornecidos pelos utilizadores". Por outras palavras, é possível que um novo utilizador se inscreva com um endereço de correio electrónico de uma figura conhecida (ou uma morada física, ou um número de telefone), pelo que não se pode concluir que este caso vá necessariamente afectar políticos, como os media britânicos estão a avançar.

Michelle Thomson, uma deputada eleita pelo Partido Nacional Escocês, já se viu obrigada a fazer uma declaração pública, garantindo que nunca se inscreveu no site, depois de ter sido revelado que um dos seus emails está na lista publicada pelos piratas.  O jornal The Guardian avançou que um dos emails é de um dos seus jornalistas, e foi usado durante um trabalho sobre o site de encontros.

A publicação acontece cerca de um mês depois do roubo dos dados, por um grupo de piratas que se apresenta como Impact Team e que exigia o encerramento do site. O grupo ameaçou divulgar os dados dos utilizadores, fotografias comprometedoras e conversas se a empresa Avid Life Media, com sede em Toronto, no Canadá, não o eliminasse.

O objectivo dos piratas parece basear-se numa campanha moralista – para além do encerramento do Ashley Madison, o Impact Team exigia também o fim do site EstablishedMen.com, que promove encontros entre raparigas jovens e homens ricos, mas nunca se referiram a um outro site, o CougarLife.com (detido pela mesma empresa), que se destina a promover encontros entre mulheres mais velhas e homens mais jovens.

A empresa não apagou os endereços e os piratas informáticos cumpriram a ameaça, publicando 9,7 gigabytes de dados na chamada Dark Web  uma espécie de Internet paralela de acesso restrito, a que só se pode aceder com um browser especial, como o Tor. Mas, como seria de esperar, os dados também já estão a ser divulgados nos sites em que todos podem entrar. "Explicámos a fraude, o embuste e a estupidez da Avid Life Media e dos seus membros", lê-se num comunicado dos piratas informáticos.

A empresa Avid Life Media afirmou estar "a monitorizar activamente e a investigar a situação, para determinar a validade de qualquer informação publicada online" e a tentar remover "qualquer informação publicada ilegalmente".

A divulgação dos dados "não é um acto de activismo, é um acto criminoso", acusa a empresa, que critica a posição moralista. "O criminoso, ou criminosos envolvidos neste acto intitularam-se juízes morais, jurados e executores, considerando adequado impor uma moral individual à sociedade inteira", afirmou a Avid Life Media.
Com Lusa