Quercus denuncia destruição de floresta mediterrânica no concelho de Tomar

Ambientalistas falam de desmatação ilegal numa área com sobreiros, para plantação de eucaliptos.

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Área onde ocorreu a desmatação é dominada por sobreiros Pedro Cunha/Arquivo

Em comunicado, a associação afirma que a desmatação ocorreu no limite do Sítio Sicó-Alvaiázere, inserido da Rede Natura 2000, próximo do rio Nabão, numa área com cerca de 10 hectares alvo de um incêndio em 2008.

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Em comunicado, a associação afirma que a desmatação ocorreu no limite do Sítio Sicó-Alvaiázere, inserido da Rede Natura 2000, próximo do rio Nabão, numa área com cerca de 10 hectares alvo de um incêndio em 2008.

Os ambientalistas alertaram na quinta-feira o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR, do comando de Santarém. No local, os militares confirmaram a presença de duas escavadoras giratórias "a fazer a destruição do coberto vegetal" sem o respectivo licenciamento, segundo disse à Lusa fonte daquela polícia.

Segundo a Guarda, elementos do Núcleo de Protecção Ambiental da GNR vão patrulhar a zona para assegurar que os trabalhos não prosseguem até que haja o devido licenciamento e serão lavrados dois autos de notícia por contra-ordenação: um por corte ilegal de sobreiros e outro por destruição de revestimento vegetal que não tenha fins agrícolas.

A GNR confirma que o terreno ardeu em 2008 e por isso é constituído por vegetação espontânea, sobreiros e carvalhos, resultantes da regeneração natural. "No mesmo [terreno] encontra-se uma pequena percentagem de Rede Natura 2000 que até à data da presença da Guarda no local não tinha sido mexida", adiantou à Lusa o oficial de relações públicas da GNR de Santarém.

A Quercus afirma, no comunicado, que as escavadoras estavam a arrancar "a vegetação mediterrânica, incluindo diversos sobreiros jovens com alguma dimensão, o que indicia ser uma acção ilegal, para conversão num novo eucaliptal". A associação acrescenta que solicitou ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas informação sobre se autorizou alguma acção, incluindo arborização com eucalipto na área em causa.

"A Quercus espera actuação firme das autoridades para impedir a destruição das últimas áreas de floresta mediterrânica desenvolvida na área, onde ocorrem espécies protegidas, evitando o aumento descontrolado da expansão de novos eucaliptais", afirma ainda a nota.