Casillas é o "monstro" que se segue nas balizas portuguesas

O futuro reforço do FC Porto não é o primeiro guarda-redes de grande prestígio internacional a jogar em Portugal. Preud'homme, Schmeichel e Júlio César deixaram a sua marca.

Fotogaleria

“San Iker”, como lhe chamavam em Madrid, é mais um dos “monstros” da baliza a aterrar no futebol português, não ainda em fim de carreira, como um guarda-redes maduro ainda capaz de fazer a diferença, como eram Preud’homme e Schmeichel, e ainda é Júlio César. Casillas esteve 25 anos no Real Madrid, 16 dos quais na primeira equipa, e está na selecção espanhola desde os 19, com muitos títulos no currículo. Campeão europeu e mundial de clubes, campeão europeu e mundial de selecções, campeão espanhol, tudo isto foi Iker Casillas, praticamente inamovível da baliza “merengue” e “roja” na última década e meia.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“San Iker”, como lhe chamavam em Madrid, é mais um dos “monstros” da baliza a aterrar no futebol português, não ainda em fim de carreira, como um guarda-redes maduro ainda capaz de fazer a diferença, como eram Preud’homme e Schmeichel, e ainda é Júlio César. Casillas esteve 25 anos no Real Madrid, 16 dos quais na primeira equipa, e está na selecção espanhola desde os 19, com muitos títulos no currículo. Campeão europeu e mundial de clubes, campeão europeu e mundial de selecções, campeão espanhol, tudo isto foi Iker Casillas, praticamente inamovível da baliza “merengue” e “roja” na última década e meia.

Estatuto semelhante tinha Peter Schmeichel que chegou ao Sporting em 1999. O gigante dinamarquês, campeão europeu pelo seu país em 1992, tinha acabado de ser campeão europeu com o Manchester United, naquela lendária final com o Bayern Munique em Camp Nou e, aos 36 anos, andava à procura de um campeonato menos exigente. Em Lisboa, Schmeichel não teria de lidar com Alex Ferguson e até podia levar o filho Kasper para os treinos – a criança loira que defendia os remates do treinador de guarda-redes Silvano de Lucia também acabaria por se tornar internacional dinamarquês. Mas o ambiente mais descontraído não impediu Schmeichel de fazer a seguinte promessa: “Acredito que vou ser campeão já na primeira época.”

Foi o que aconteceu. Depois de uma falsa partida com Guiseppe Materazzi, o Sporting, com Augusto Inácio no banco, arrancou para o título que lhe escapava há 18 anos, e Schmeichel, uma presença imponente com 1,91m de altura, foi um dos mais celebrados. Na noite da festa do título, foi um dos poucos que ainda subiu ao relvado de Alvalade. Assim que entrou no estádio já campeão, os adeptos invadiram o campo e não chegou a haver celebração conjunta. O dinamarquês ainda ficou mais uma época em Alvalade, mas os títulos não continuaram. Ainda continuou a carreira na Premier League, primeiro no Aston Villa, depois no Manchester City, uma época em cada um, deixando de jogar aos 40 anos.

Michel Preud’homme nunca tinha saído do futebol belga antes de 1994. Tinha passado a sua carreira entre o Standard Liége e o Malines, mas, aos 35 anos, nenhum dos “grandes” do futebol europeu se tinha lembrado dele. Só depois de ter sido considerado o melhor guarda-redes do Mundial de 1994 é que o belga se aventurou no estrangeiro. O Benfica foi o seu destino, onde seria o primeiro guarda-redes estrangeiro da história do clube, e, durante cinco épocas, o actual treinador do Club Brugge, com as suas defesas impossíveis, salvou a equipa inúmeras vezes Em termos de títulos, foi uma passagem pouco proveitosa, apenas uma Taça de Portugal em 1996, e o Benfica foi mesmo o seu último clube como jogador.

Ao contrário de Preud’homme, Júlio César não chegou propriamente em alta à Luz. Aos 34 anos, o brasileiro andava desterrado no Canadá, ao serviço do Toronto FC, depois de uma época pouco brilhante no Queens Park Rangers. Ainda assim fora recuperado por Scolari para a selecção brasileira que iria estar no Mundial, mas o brilho já não era o mesmo dos tempos do Inter de Milão. Quando Oblak “fugiu” para o Atlético de Madrid, o Benfica revitalizou um interesse antigo e resgatou o internacional brasileiro do anonimato. Não levou muito tempo a ganhar o lugar a Artur e foi mesmo um dos homens essenciais para a conquista do bicampeonato. Júlio César ainda tem mais um ano de contrato, mas já se fala de renovação.

Num patamar um pouco abaixo em termos de prestígio internacional, também passaram pelo futebol português já em fase adiantada da carreira guarda-redes como o polaco Mlynarczyk (FC Porto), o croata Ivkovic (Sporting e Belenenses), o húngaro Meszaros (Sporting, Farense e V. Setúbal) ou o nigeriano Peter Rufai (Farense). Mas, por cada Preud’homme, Schmeichel e, ao que tudo indica, Casillas, também aconteceram casos de guarda-redes que nunca estiveram à altura do seu estatuto.

Na última década, por exemplo, passou por Portugal um par de internacionais alemães que não deixou rasto. Depois de vários anos no Bayer Leverkusen, Hans-Jorg Butt chegou ao Benfica em 2007, mas nunca conseguiu afastar o português Quim das redes “encarnadas” e saiu no fim dessa época rumo ao Bayern Munique, onde ainda viria a ter algum protagonismo. Em 2010, Timo Hildebrand, que ocupara ocasionalmente a baliza da “mannschaft”, chegou ao Sporting proveniente do Hoffenheim, mas também não conseguiu superar a sua concorrência portuguesa, Rui Patrício. O belga Philip de Wilde (Sporting), o sueco Lars Eriksson (FC Porto), o marroquino Khalid Fouhami (Académica e Portimonense), o polaco Andrei Wozniak (FC Porto), o uruguaio Rodolfo Rodríguez (Sporting) ou o norte-americano Zack Thorton (Benfica) também eram internacionais trintões, mas passaram mais tempo no banco do que a defender.