App do Facebook indisponível na Europa por causa do reconhecimento facial

Aplicação móvel Moments usa a tecnologia para agrupar fotos com base nas pessoas que nelas aparecem.

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Esta semana, o Facebook anunciou a app Moments. A aplicação arruma as fotografias que o utilizador tiver no seu smartphone em grupos, com base na data em que foram tiradas. Através de tecnologia de reconhecimento facial é possível identificar amigos no Facebook a quem o utilizador pode depois enviar as imagens.

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Esta semana, o Facebook anunciou a app Moments. A aplicação arruma as fotografias que o utilizador tiver no seu smartphone em grupos, com base na data em que foram tiradas. Através de tecnologia de reconhecimento facial é possível identificar amigos no Facebook a quem o utilizador pode depois enviar as imagens.

No entanto, há aqui uma incompatibilidade com o que dita a comissão de dados da Irlanda, país onde o Facebook tem a sua sede na Europa. A comissão contesta que a app não dê a possibilidade de escolha aos utilizadores de indicarem se aceitam ou não a sua identificação. “Não temos um mecanismo opt-in por isso está desligado até desenvolvermos um”, explicou o responsável pela política do Facebook na Europa, Richard Allen, citado pela BBC. Quando activado, o opt-in expressa a vontade do utilizador em aceitar, neste caso, a sua identificação.

O reconhecimento facial tem sido uma das granes apostas do Facebook. No início deste ano, a rede social anunciou o seu DeepFace AI, um sistema de inteligência artificial com capacidade para identificar utilizadores com uma precisão de 97,25%. Porém, à semelhança do que acontece com os reguladores de dados europeus, o sistema não teve uma boa recepção por parte do congénere canadiano.

Em causa estão questões de privacidade, como explicou a comissão de protecção de dados canadiana em 2010, quando a rede social avançou com a tecnologia, relembra a BBC. “A preocupação significativa com a privacidade é o facto de o Facebook ter a capacidade de combinar dados biométricos faciais com extensa informação sobre os utilizadores, incluindo dados biográficos, localização e associações com amigos”.

Na última semana, a questão foi alvo de polémica nos Estados Unidos, onde o Facebook tem a sua sede. Nove grupos de defesa da privacidade do consumidor abandonaram as discussões que decorriam sob a égide do Governo norte-americano para a redacção de um código de conduta para as empresas que usam tecnologias de reconhecimento facial. Os organismos consideraram que a administração nacional para as telecomunicações e informação norte-americana (NTIA, na sigla em inglês) não tem capacidade para oferecer a protecção adequada para o uso da tecnologia em causa.

A mesma questão levantou também problemas à rede social na Bélgica, onde foi iniciado um processo judicial contra o Facebook através da comissão de protecção da privacidade do país. A rede social foi acusada de seguir a actividade online de todos os seus utilizadores e mesmo dos que não têm uma conta no site ou que optaram por não serem monitorizados segundo os parâmetros de privacidade previstos na União Europeia.