Adorno no pulso e dispositivo no tornozelo

“Em forma de corrente, aro ou fita”, uma “pulseira”, regista o dicionário, é um “adorno que se usa em volta do pulso”. Este substantivo feminino tem como sinónimo “bracelete”. Mas não foi sobre este tipo de pulseiras que se falou nos últimos dias, mas sim das “electrónicas”. E estas vêm descodificadas nos dicionários online, mas ainda em muito poucos dos editados em papel.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Em forma de corrente, aro ou fita”, uma “pulseira”, regista o dicionário, é um “adorno que se usa em volta do pulso”. Este substantivo feminino tem como sinónimo “bracelete”. Mas não foi sobre este tipo de pulseiras que se falou nos últimos dias, mas sim das “electrónicas”. E estas vêm descodificadas nos dicionários online, mas ainda em muito poucos dos editados em papel.

A saber: “Dispositivo, usado geralmente no tornozelo, que transmite sinais em radiofrequência e permite a vigilância de determinada pessoa em local previamente definido.” O ex-primeiro-ministro José Sócrates, que se encontra em prisão preventiva, opôs-se à substituição desta pela obrigação de permanecer na sua habitação com vigilância electrónica. Ou seja, recusou o uso de pulseira electrónica em prisão domiciliária.

O recluso 44 do Estabelecimento Prisional de Évora justificou assim a decisão: “Estas ‘meias-libertações’ não têm outro objectivo que não seja disfarçar o erro original e o sucessivo falhanço: depois de seis meses de prisão, nem factos, nem provas, nem acusação.” E acrescentou, bem ao seu estilo: “Nas situações mais difíceis, há sempre uma escolha. A minha é esta: digo não.”

Resultado: sem pulseira no tornozelo, não pode ir para casa. Assim decidiu o juiz Carlos Alexandre, após o recuo do Ministério Público perante esta medida de coacção. “Vingança mesquinha”, disse o advogado João Araújo; “ilegalidade”, disse o penalista Paulo Sá e Cunha.

“Pulseira”, para os brasileiros, é também um “ornato” ou um “enfeite”. Sem transmissores.