INEM diz que cuidados à população estão assegurados, técnicos contestam

Comissão de trabalhadores diz que em Lisboa o socorro "está em causa". Vigília de técnicos de emergência foi marcada para este domingo à noite.

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A morte foi declarada no local pelo INEM Nelson Garrido

Rui Gonçalves garante que sim, “o socorro em Lisboa está em causa”. E explica que a vigília está marcada para a meia-noite deste domingo, em frente à sede do INEM. Tem como objectivo a “defesa dos postos de trabalho e da dignidade profissional”. 

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Rui Gonçalves garante que sim, “o socorro em Lisboa está em causa”. E explica que a vigília está marcada para a meia-noite deste domingo, em frente à sede do INEM. Tem como objectivo a “defesa dos postos de trabalho e da dignidade profissional”. 

Na sexta-feira, o Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE) tinha alertado para uma "redução brutal" nas ambulâncias em Lisboa, colocando "em risco" o socorro do INEM, devido à recusa dos técnicos em fazer turnos extra.

Estes profissionais queixam-se da falta de pagamento de subsídios, de horas extraordinárias e de mais cortes no salário, recusando-se a fazer mais turnos, o que leva a que das 17 ambulâncias de Lisboa, dez possam ficar paradas ao fim-de-semana, segundo o sindicato.

O INEM veio entretanto, em comunicado, assegurar a prestação de cuidados de emergência médica à população, "apesar de alguns constrangimentos de recursos humanos".

"No seguimento de várias notícias sobre a possibilidade de paragem de algumas ambulâncias na região de Lisboa, [o INEM] vem esclarecer a população portuguesa de que não está, nem nunca esteve em causa o socorro da mesma em qualquer circunstância", afirma o Instituto Nacional de Emergência Médica.

Para sustentar esta garantia, o organismo recorda que o socorro às populações é assegurado em complementaridade de meios, com os Bombeiros, a Cruz Vermelha Portuguesa, a PSP e a GNR.

A actual falta de profissionais, nomeadamente de Técnicos de Emergência (TE), está "a ser acompanhada atentamente" pelo INEM e pelo Ministério da Saúde, no sentido de ultrapassar a situação, refere.

"Assim, estão já a ser implementadas medidas para que todas as necessidades sejam colmatadas, não só através da disponibilidade que foi solicitada a alguns TE das delegações do Norte e do Centro que se prontificaram a suprir as lacunas existentes em algumas bases de Lisboa, mas também chamando de novo a prestar serviço como TE, profissionais que estavam alocados a outros serviços, embora com certificação válida como TE", acrescenta o comunicado.

O Conselho Directivo avisa que vai utilizar todos os meios legais ao seu dispor para prestar os cuidados de emergência médica à população, independentemente de considerar que os TE "têm o direito de tomar as decisões que acreditam ser as melhores para a sua actividade profissional".

Assim, o conselho directivo do INEM "apela a todos os TE para que reflictam" sobre a missão para a qual foi criada a instituição.

Sindicato queixa-se de cortes na saúde
A situação atinge o INEM em todo o país mas especialmente em Lisboa, explicou o presidente do STAE, Ricardo Rocha, acrescentando que há um ano que anda a alertar o Governo para a situação. 

"O sindicato disse em Julho do ano passado que havia uma falta grave de técnicos mas só em Janeiro iniciaram a contratação de mais 85 técnicos, quando são precisos quase 250. O processo de recrutamento está no início e demora cerca de um ano", disse o responsável à Lusa, acrescentando que provavelmente só no início de 2016 os 85 técnicos estarão operacionais.

Sem técnicos, com um "elevado desgaste" dos que estão a trabalhar e com a aproximação do período de férias o sindicalista alerta para os perigos que tal representa para a população, e diz que os trabalhadores estão cansados de fazer turnos extra, de trabalhar "22 dias seguidos", pelo que depois de mais um corte salarial anunciado em Maio vão deixar de fazer esses turnos e deixar de socorrer.

"Em Lisboa, 40% dos turnos são assegurados por turnos extra. Vai começar a ser uma loucura", advertiu Ricardo Rocha, considerando que essa "loucura" é uma consequência dos cortes do Governo na área da saúde. No país são ao todo 900 técnicos, 200 deles em Lisboa, segundo os números de Ricardo Rocha, que disse que o sindicato apoia a decisão dos trabalhadores de se recusarem a fazer turnos extra.