Programa do PCP integra propostas de associações portuguesas em França

Líder dos comunistas definiu de hipocrisia apelo de Cavaco Silva de regresso dos jovens a Portugal

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“Trata-se de uma operação inaceitável e única na Europa”, disse Jerónimo de Sousa a propósito da possível concessão da RTP Enric Vives-Rubio

No final de um encontro com responsáveis do movimento associativo português, na Associação Franco-Portuguesa de Puteaux, nos arredores da capital francesa, o líder comunista proferiu um breve discurso, no qual considerou que as associações de emigrantes se "têm vindo a substituir àquilo que era devido ao Estado português" e prometeu ouvi-las.

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No final de um encontro com responsáveis do movimento associativo português, na Associação Franco-Portuguesa de Puteaux, nos arredores da capital francesa, o líder comunista proferiu um breve discurso, no qual considerou que as associações de emigrantes se "têm vindo a substituir àquilo que era devido ao Estado português" e prometeu ouvi-las.

"Assumiremos a responsabilidade de que as contribuições, que consideramos de valor, vão integrar o nosso programa eleitoral. Esta palavra de honra aqui dada é uma garantia que quero dar em nome do Partido Comunista Português", declarou o secretário-geral dos comunistas.

Questionado pela Lusa sobre que propostas poderão integrar o programa eleitoral do PCP, Jerónimo de Sousa falou na "valorização do movimento associativo" e em apoios à língua portuguesa e à rede consular, apontando que "em França, quase meia França ficou sem consulados".

"Essa valorização do movimento associativo deve ser traduzida no concreto em apoios que se fundamentem e se justifiquem para a sua acção, particularmente em torno de uma questão central que é o ensino do português. Há um processo de desresponsabilização do ensino", disse Jerónimo de Sousa, referindo que "a Constituição exige que o Estado desenvolva o ensino público de educação gratuito e não com este sentido discriminatório em relação aos filhos dos emigrantes".

O secretário-geral do PCP falou, ainda, em "profunda hipocrisia" da parte do Presidente da República, Cavaco Silva. "Considero profunda hipocrisia o que o Presidente da República fez há duas semanas que foi dizer 'Regressem a Portugal'. Foi o Governo que disse vão-se embora, vão para o estrangeiro, emigrem. O que é que o Presidente da República quer oferecer a esses jovens que está a convidar a regressar a Portugal? Quando nós conhecemos a realidade, uma situação dramática. Hoje em Portugal existem mais de dois milhões e quinhentos mil pobres ou em risco de pobreza", declarou.

Jerónimo de Sousa acusou o Governo de se ter "descomprometido perante a comunidade [portuguesa]" e lembrou, também, o "novo surto de emigração, 400 mil em quatro anos", indicando que "mesmo aqui em França, a emigração portuguesa foi superior à marroquina e argelina em termos de entrada recente, embora a grande percentagem tenha ido para Inglaterra e para o Reino Unido".