Sara Moreira a crescer na maratona com os Jogos em perspectiva

Em Praga, a atleta do Sporting obteve a terceira melhor marca portuguesa de sempre na distância.

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Don Emmert

A participação na prova checa não foi, no entanto, pacífica para a atleta de Roriz, Santo Tirso. Sara Moreira estava escalada para correr a maratona de Londres, que se disputou apenas uma semana antes, mas uma lesão obrigou-a a rever o seu percurso, tentando encontrar no último momento uma outra competição em que pudesse capitalizar a preparação efectuada com vista à corrida britânica. E foi bem sucedida.

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A participação na prova checa não foi, no entanto, pacífica para a atleta de Roriz, Santo Tirso. Sara Moreira estava escalada para correr a maratona de Londres, que se disputou apenas uma semana antes, mas uma lesão obrigou-a a rever o seu percurso, tentando encontrar no último momento uma outra competição em que pudesse capitalizar a preparação efectuada com vista à corrida britânica. E foi bem sucedida.

Num dia com condições ideais para a maratona, num percurso plano que tem valido boas credenciais a Praga, Sara esteve sempre entre as primeiras da competição, o que, de resto, já havia feito em Nova Iorque. Quem começou ao ataque foi a queniana Janet Rono, passando logo aos 10km isolada em 33m45s, contra 34m08s de Sara Moreira, e com o lote das melhores etíopes outros 16 segundos atrás da portuguesa. Esta atravessou a meia-maratona no tempo promissor de 1h12m15s, ainda atrás de Rono (1h11m43s), mas, mais adiante, as etíopes alcançaram a portuguesa e própria queniana, que começou a ceder logo depois.

Sara acompanhou as leste-africanas até aos 35km, mas, na légua imediata, Yebrgual Melese conseguiu fugir, tendo aos 40km (2h16m31s) 38 segundos de vantagem sobre a sportinguista para na meta a diferença ser de um minuto exacto — 2h23m49s contra 2h24m49s.

Sara Moreira, que foi mãe há pouco mais de um ano e em Outubro cumprirá 30 anos, fez uma prova muito equilibrada, com a segunda metade (1h12m34s) um pouco mais lenta que a primeira, mas sobretudo com todas as léguas entre 17m03s e 17m13s, à excepção da segunda, até aos 10km, quando gastou 16m57s. E beneficiou da companhia do marido, Pedro Ribeiro, até depois da meia-maratona.

Com o resultado de domingo, Sara Moreira passa a ser a terceira portuguesa de sempre na distância, depois de Rosa Mota (2h23m29s) e de Jéssica Augusto (2h24m25s, marca obtida no ano passado, em Londres). A hipótese de bater o recorde de Rosa Mota ainda não se concretizou desta vez e a marca da “Menina da Foz”, estabelecida em Chicago, a 20 de Outubro de 1985, continua a valer o recorde nacional mais velho de entre todas as disciplinas do atletismo.

Os tempos mudaram muito, no entanto. Na temporada em que realizou esse resultado, Rosa Mota foi a terceira melhor maratonista de um ano em que foi batido pela norueguesa Ingrid Kristiansen o recorde mundial, com 2h21m06s. Nesta época uma marca como a de Sara Moreira deverá dar-lhe algo próximo do 30.º posto anual no mundo e entretanto o recorde mundial “voou” para paragens incríveis, com a marca de 2h15m25s, obtida pela inglesa Paula Radcliffe, em 2003.

Porém, sendo tempos diferentes, os de agora também se mostram muito interessantes, com a assunção por Sara Moreira, na sequência deste resultado, de que será a maratona, em definitivo, a prova para qual irá preparar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Ainda falta muito para o evento, mas com Sara a afirmar-se, Jéssica Augusto certa nessa distância, retomando a preparação assim que concluir a actual gravidez, e com Ana Dulce Félix em retoma, como mostrou recentemente em Londres, Portugal poderá ter um trio muito competitivo na próxima maratona olímpica. Como nos velhos tempos.