Uma centena de pessoas desfilou pelas ruas de Setúbal para exigir justiça pela morte de Nuno Pires

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O que resta das muralhas de Setúbal está escondido nas paredes de alguns edifícios da cidade PEDRO CUNHA/Arquivo

"Se não houver justiça, voltamos aqui; hoje é pelo Nuno, amanhã por ti", gritaram os manifestantes, que desfilaram desde a Praça do Brasil ao Parque Urbano de Albarquel, passando pela Praça do Bocage e Avenida Luísa Todi.

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"Se não houver justiça, voltamos aqui; hoje é pelo Nuno, amanhã por ti", gritaram os manifestantes, que desfilaram desde a Praça do Brasil ao Parque Urbano de Albarquel, passando pela Praça do Bocage e Avenida Luísa Todi.

O jovem Nuno Jorge Pires foi encontrado em estado grave por uma equipa do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) e assistido no Hospital de São Bernardo na madrugada de 19 de Fevereiro, mas acabou por morrer três dias depois, a 22 de Fevereiro, no Hospital Garcia de Orta, em Almada, para onde tinha sido transferido devido à gravidade dos ferimentos.

Os promotores da manifestação, amigos de Nuno Jorge Pires, não se conformam com as notícias que desresponsabilizam a PSP e acusam as autoridades, Polícia de Segurança Pública e Polícia Judiciária, de quererem esconder o que realmente se passou.

"As provas são claras: há imagens da PSP a `interagir´ com o Nuno. Há mensagens e chamadas que relatam a agressão policial. Há testemunhos do INEM de que encontraram o Nuno inconsciente e com sinais evidentes de uma pancada desferida na cabeça", refere o documento que foi lido várias vezes durante a manifestação.

"E, finalmente, há uma autópsia que comprova que a morte do Nuno se deveu a duas pancadas na cabeça", acrescenta o documento, que contraria as conclusões da autópsia anunciadas pela Polícia Judiciária, que, alegadamente, excluem a possibilidade de a morte do jovem ter sido provocada por uma agressão policial.

Durante a manifestação realizada este sábado, os promotores, que não prestam declarações a título individual, decidiram fazer uma paragem em frente à 1ª Esquadra da PSP, na avenida Luísa Todi, onde cumpriram um minuto de silêncio em memória do jovem Nuno Jorge Pires, para logo retomarem uma das palavras de ordem da manifestação: "não esquecemos".

O padrasto do jovem Jorge Nuno Pires, que também marcou presença na manifestação, também se escusou a fazer comentários, mas um amigo da família garantiu à Lusa que os familiares da vítima "nada sabem sobre o andamento do processo".

"Pediram informações à Policia Judiciária, mas foram remetidos para o Ministério Público. A semana passada, na quarta-feira, foram ao Ministério Público, mas exigiram-lhes que fizessem um pedido por escrito, que ainda não teve resposta", disse o amigo da família, também ele convicto de que as autoridades estão a fazer tudo para desresponsabilizar os elementos da PSP que abordaram o jovem Nuno Jorge Pires na madrugada de 19 de Fevereiro.