Tolentino, um exemplo de perseverança

Incansável e sempre discreto, o Tolentino foi para todos, jornalistas e políticos, um exemplo de perseverança. Foi um jornalista sem medo.

Hoje temos uma redacção triste, outra vez. Durante 25 anos, o Tolentino de Nóbrega, nosso correspondente na Madeira, escreveu com independência e liberdade no PÚBLICO. Antes de o jornal nascer, já o fizera noutros jornais, sempre na Madeira. Se houve lugar difícil para se ser jornalista nos 40 anos da nossa democracia foi a Madeira. O Tolentino tinha o desafio de ser correspondente num lugar onde havia notícias importantes – para não dizer incríveis – todos os dias. Mas teve a sabedoria de fazer duas coisas: procurá-las e resistir às provocações e pressões que, constantemente, o poder regional lhe foi lançando pelo caminho. Fazia-o com um sorriso e sabendo que a melhor forma de enfrentar pressões é ignorá-las. O Tolentino leva consigo um catálogo completo dos tipos e formas de pressão: fontes oficiais que não prestam declarações sobre coisas de manifesto interesse público como a dívida regional ou o número de mortos em tragédias naturais; processos por difamação resultantes de capricho puro; cartoons intimidatórios no jornal oficial da região; proibições arbitrárias de acesso a locais onde todos os outros jornalistas podiam trabalhar e, até, intimidações físicas. Não é fácil escrutinar um poder que é poder há décadas quando nos cruzamos com esse mesmo poder na rua – e com os que dele dependem –, todos os dias, nos gestos mais simples do quotidiano. Incansável e sempre discreto, o Tolentino foi para todos, jornalistas e políticos, um exemplo de perseverança. Foi um jornalista sem medo.

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Hoje temos uma redacção triste, outra vez. Durante 25 anos, o Tolentino de Nóbrega, nosso correspondente na Madeira, escreveu com independência e liberdade no PÚBLICO. Antes de o jornal nascer, já o fizera noutros jornais, sempre na Madeira. Se houve lugar difícil para se ser jornalista nos 40 anos da nossa democracia foi a Madeira. O Tolentino tinha o desafio de ser correspondente num lugar onde havia notícias importantes – para não dizer incríveis – todos os dias. Mas teve a sabedoria de fazer duas coisas: procurá-las e resistir às provocações e pressões que, constantemente, o poder regional lhe foi lançando pelo caminho. Fazia-o com um sorriso e sabendo que a melhor forma de enfrentar pressões é ignorá-las. O Tolentino leva consigo um catálogo completo dos tipos e formas de pressão: fontes oficiais que não prestam declarações sobre coisas de manifesto interesse público como a dívida regional ou o número de mortos em tragédias naturais; processos por difamação resultantes de capricho puro; cartoons intimidatórios no jornal oficial da região; proibições arbitrárias de acesso a locais onde todos os outros jornalistas podiam trabalhar e, até, intimidações físicas. Não é fácil escrutinar um poder que é poder há décadas quando nos cruzamos com esse mesmo poder na rua – e com os que dele dependem –, todos os dias, nos gestos mais simples do quotidiano. Incansável e sempre discreto, o Tolentino foi para todos, jornalistas e políticos, um exemplo de perseverança. Foi um jornalista sem medo.

A Direcção Editorial do PÚBLICO