Nove anos depois, o escândalo Calciopoli chega ao fim por ter prescrito

Os processos contra Moggi e Giraudo, ex-dirigentes da Juventus, foram considerados prescritos.

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Luciano Moggi (ao centro) é uma das figuras centrais do Calciopoli AFP

Apontado como o responsável máximo no caso, Moggi tinha sido condenado em 2011 a uma pena de prisão superior a cinco anos — mais tarde reduzida para dois anos e quatro meses —, sendo considerado culpado de tentar escolher árbitros para os jogos da Juve, mas recorreu dessa decisão. Agora, foi julgado inocente em duas acusações de fraude desportiva, mas o ex-director-geral do clube de Turim não foi absolvido de uma de conspiração criminosa. Contudo, esta acusação foi agora considerada prescrita.

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Apontado como o responsável máximo no caso, Moggi tinha sido condenado em 2011 a uma pena de prisão superior a cinco anos — mais tarde reduzida para dois anos e quatro meses —, sendo considerado culpado de tentar escolher árbitros para os jogos da Juve, mas recorreu dessa decisão. Agora, foi julgado inocente em duas acusações de fraude desportiva, mas o ex-director-geral do clube de Turim não foi absolvido de uma de conspiração criminosa. Contudo, esta acusação foi agora considerada prescrita.

Após nove anos de investigações, julgamentos, recursos e prescrições, apenas um dos 36 acusados inicialmente, o árbitro Massimo de Santis (um ano de pena supensa), acabou condenado nos tribunais civis.

Moggi apelidou o caso de “arma sem munições” e defendeu o direito da Juventus, o clube mais castigado, de pedir indemnizações. “As provas não existiam, estavam errados. Andaram a brincar durante nove anos e tudo resultou em nada. Em nove anos, consideraram apenas um árbitro culpado — que não fez nada, de qualquer modo. Quem é que fazia parte do sistema se todos os árbitros foram absolvidos?”, referiu.

Na sequência do Calciopoli, que avançou a partir de escutas em chamadas telefónicas entre dirigentes e altos responsáveis da arbitragem italiana, a Juventus perdeu os títulos de campeã italiana de 2004-05 e 2005-06 — o primeiro não foi atribuído a nenhum clube e o segundo entrou no currículo do Inter de Milão — e foi relegada para o segundo escalão (Série B).

Milan, Fiorentina, Lazio e Reggina foram os outros emblemas da Série A implicados no processo. Todos foram penalizados com perda de pontos antes do arranque do campeonato de 2006-07, mas, ao contrário da Juventus, considerado o principal prevaricador, nenhum foi despromovido.

Em 2006, o caso pairou como uma nuvem negra sobre a selecção italiana que participou no Campeonato do Mundo da Alemanha. Treze dos 23 convocados por Marcello Lippi pertenciam a quatro dos clubes acusados (Juventus, Lazio, Milan e Fiorentina). No entanto, a polémica não desestabilizou a squadra azzurra, que no início de Julho venceu a França na final para voltar a conquistar um título que lhe escapava há 24 anos. PÚBLICO