“À Cidade” é a primeira obra do programa de arte pública do Porto

Painel de Fernando Lanhas, inaugurado no Túnel da Ribeira, é o ponto de partida para um roteiro de arte pública que deverá receber quatro novas obras ainda este ano

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Maria João Gala

O primeiro percurso do programa de arte pública da autarquia começa no Túnel da Ribeira, cruza a Rua das Flores, o Largo de S. Domingos e o espaço na envolvente da Estação de S. Bento, explicou o vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, após a inauguração do painel de Lanhas. A próxima inauguração será dupla e poderá acontecer já em Março “se tudo correr bem”, garantiu o vereador. Nessa altura, junto à estação ferroviária do centro da cidade será instalada uma obra da série “Highway Painels” de João Louro, em torno da obra poética de Sophia de Mello Breyner. Não muito longe, serão colocadas três obras de Dalila Gonçalves, da série “Kneaded Memory”, que muitos já podem ter visto junto à Biblioteca Almeida Garrett, nos jardins do Palácio de Cristal.

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O primeiro percurso do programa de arte pública da autarquia começa no Túnel da Ribeira, cruza a Rua das Flores, o Largo de S. Domingos e o espaço na envolvente da Estação de S. Bento, explicou o vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, após a inauguração do painel de Lanhas. A próxima inauguração será dupla e poderá acontecer já em Março “se tudo correr bem”, garantiu o vereador. Nessa altura, junto à estação ferroviária do centro da cidade será instalada uma obra da série “Highway Painels” de João Louro, em torno da obra poética de Sophia de Mello Breyner. Não muito longe, serão colocadas três obras de Dalila Gonçalves, da série “Kneaded Memory”, que muitos já podem ter visto junto à Biblioteca Almeida Garrett, nos jardins do Palácio de Cristal.

Paulo Cunha e Silva explicou que foi possível adquirir estas duas obras “a preços simbólicos”, graças à diminuição de custos previstos da colocação do painel “À Cidade”, de Fernando Lanhas, uma vez que apenas foram necessários 30 mil dos 70 mil euros inicialmente previstos. As duas outras obras vão integrar a paisagem da cidade graças a parcerias e mecenato.

Será assim com a obra “O Meu Sangue é o Vosso Sangue”, de Rui Chafes, que será paga na íntegra pela Santa Casa da Misericórdia do Porto e que foi criada propositadamente para interagir com uma das mais importantes obras do espólio desta entidade, o quadro Fons Vitae. Cunha e Silva explicou que a criação de Rui Chafes “está desenhada”, mas que o artista não quis mostrá-la, antes de ser concretizada. Contudo, o vereador explicou que a obra de arte deverá “sair do interior da sala onde está exposto o Fons Vitae, atravessa a parede e vai ter à Rua das Flores”. A peça será publicamente inaugurada em simultâneo com a abertura do museu da Santa Casa, na Rua das Flores, agendada para Junho.

E, antes de o ano acabar, Paulo Cunha e Silva ainda quer ver instalado, no Largo de São Domingos, a obra de Alberto Carneiro “Três metáforas de árvores para uma árvore verdadeira”, para a qual já existe um mecenas, garantiu. “Na minha opinião, Alberto Carneiro é um dos grandes artistas vivos da cidade e não tinha ainda uma obra no espaço público. Julgo, por isso, que é meritória esta reparação da cidade, para com um dos seus artistas fundamentais”, disse o vereador.

A instalação das quatro novas obras, que se juntam ao painel de Fernando Lanhas, deverá permitir que, no final do ano, a Câmara do Porto disponibilize o primeiro roteiro de arte pública da cidade. O documento, que será colocado em postos de turismo e no aeroporto, irá incluir as peças do programa camarário, mas também as obras que já existiam no Porto, como a escultura de Ângelo de Sousa, na Avenida da Boavista, ou o conjunto de Juan Muñoz, no Jardim da Cordoaria.

Paulo Cunha e Silva explicou que o município pretendeu criar “um programa que orientasse e convocasse a cidade, sobretudo na zona do centro histórico, para a possibilidade desta ficar dotada de um discurso contemporâneo que lhe dê um protagonismo particular”. Por outras palavras: “Dotar a cidade de um conjunto de obras que integrarão um roteiro e farão do Porto um museu a céu aberto”, disse.

Um objectivo ambicioso, aberto a artistas de todas as nacionalidades, e que não poderá ser concretizado sem o apoio das “empresas e instituições”. Foi a elas que Cunha e Silva apelou, na expectativa que “o orgulho” que possam vir a sentir por verem identificado o seu apoio junto às futuras obras de arte do espaço público seja suficientemente motivador para as chamar para o programa. A empresa municipal Águas do Porto, disse, já garantiu que vai apoiar a instalação de uma obra.

Esta quarta-feira, contudo, o dia foi, sobretudo, para dar as boas-vindas à obra que Fernando Lanhas escolheu para aquele nicho, que ele próprio deixara junto à boca do túnel, quando participou na sua construção. O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, agradeceu à família do pintor e arquitecto que morreu em 2012 a doação da obra “À Cidade”, agora inaugurada. Pedro Lanhas, filho do arquitecto, agradeceu ao grupo de amigos do pai, que “possibilitou” a criação do painel, e à câmara “que concretizou” a sua colocação. E recordou quando “há cerca de 40 anos”, passando junto ao túnel, de carro, com o pai, este lhe dizia: “Estás a ver aquele bocadinho ali, diferente? Está à espera que eu faça alguma coisa para ali”. Está feito.