Enviar dinheiro para fora de Angola tornou-se missão quase impossível

Angolanos fora do país também enfrentam limites ao carregamento dos cartões.

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A queda da cotação do petróleo está a diminuir a entrada de divisas em Angola Manuel Roberto

Em representações da empresa MoneyGram que operam em bancos comerciais, consultadas hoje pela Lusa na capital angolana, o movimento é inexistente. Algo que os funcionários justificam rapidamente: “Começámos a deixar de aceitar [dinheiro para enviar para o exterior] desde Novembro”.

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Em representações da empresa MoneyGram que operam em bancos comerciais, consultadas hoje pela Lusa na capital angolana, o movimento é inexistente. Algo que os funcionários justificam rapidamente: “Começámos a deixar de aceitar [dinheiro para enviar para o exterior] desde Novembro”.

A utilização destes serviços, sobretudo por expatriados, obriga ao pagamento de uma comissão, ao registo dos utilizadores e à apresentação de documentos de identificação, sendo a entrega de dinheiro (na origem) feita na moeda nacional, o kwanza.
A poucos metros, ainda no bairro do Maculusso, no centro de Luanda, cenário idêntico é vivido na representação da Western Union, outra empresa internacional do género.

“Para enviar [remessas], deixámos de o fazer a partir de hoje. Está suspenso por tempo indeterminado”, explicam os funcionários, ao balcão da empresa, igualmente especializada no envio seguro de remessas de dinheiro.

Na origem do problema está a quebra na cotação internacional do barril de petróleo, para metade em cerca de seis meses, que por sua vez fez diminuir drasticamente a entrada de divisas no país.

A situação fez desvalorizar o kwanza, enquanto o câmbio do dólar, no mercado informal, disparou nos últimos meses. Isto porque, em simultâneo, os bancos comerciais, com o acesso a divisas em queda, deixaram de permitir o levantamento imediato de dólares aos balcões, conforme a Lusa noticiou anteriormente. Entre os três maiores operadores especializados presentes na capital angolana, a Real Transfer é a única que ainda aceita realizar transferências para o exterior do país, o que nem por isso torna a situação mais favorável.

Com cerca de meia dúzia de lojas em toda a grande Luanda, às 8h já se formavam filas à porta de cada uma. O processamento dos pedidos para efectuar transferências só começa a partir das 10h, mas pouco depois já nada mais acontece.

“Só temos um plafond de 50.000 kwanzas por dia [430 euros] na agência e que esgota rapidamente. Depois é tentar no dia seguinte”, explica o funcionário.

A situação actual é transversal e afecta igualmente angolanos fora do país, que utilizam cartões associados à rede Visa emitidos em Angola para fazer levantamentos em moeda estrangeira, mas que enfrentam limites ao carregamento dos mesmos. Nos últimos dias, a informação prestada aos clientes, conforme a Lusa confirmou, é de que cada agência autorizada a realizar esse serviço possui um plafond diário que varia conforme as zonas, entre os dois mil e os seis mil dólares (1748 e 5247 euros).

Nessa ordem, cada cliente tem a possibilidade de carregar a respectiva conta com entre 200 e 300 dólares (175 e 262 euros), dependendo da disponibilidade. Como consequência, as agências bancárias estão já a registar forte concentração de pessoas desde as primeiras horas da manhã, na tentativa de conseguirem realizar a operação.