Chevron abandona exploração de gás de xisto na Polónia

A gigante norte-americana estava à procura de gás de xisto na Polónia desde 2013.

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A Chevron também tem operações de exploração na Roménia REUTERS/Mike Blake

Já no Verão passado tinha ficado evidente que as coisas não estavam a correr bem à Chevron na Polónia. Em Julho, a empresa desistiu dos trabalhos de perfuração nas proximidades de Zurawlow, uma pequena localidade com cerca de cem habitantes, depois de um protesto de 400 dias que uniu agricultores, famílias e activistas ambientais. “Sempre que a Chevron organizava alguma coisa, nós protestávamos”, disse este mês ao jornal britânico Guardian Barbara Siegienczuk, a líder do grupo local de protesto Zurawlow Verde. Durante mais de um ano, com persistência e recurso a tractores e outros veículos agrícolas, os manifestantes bloquearam o espaço e impediram os avanços da Chevron. E ganharam o braço de ferro.

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Já no Verão passado tinha ficado evidente que as coisas não estavam a correr bem à Chevron na Polónia. Em Julho, a empresa desistiu dos trabalhos de perfuração nas proximidades de Zurawlow, uma pequena localidade com cerca de cem habitantes, depois de um protesto de 400 dias que uniu agricultores, famílias e activistas ambientais. “Sempre que a Chevron organizava alguma coisa, nós protestávamos”, disse este mês ao jornal britânico Guardian Barbara Siegienczuk, a líder do grupo local de protesto Zurawlow Verde. Durante mais de um ano, com persistência e recurso a tractores e outros veículos agrícolas, os manifestantes bloquearam o espaço e impediram os avanços da Chevron. E ganharam o braço de ferro.

Mas não foi apenas a oposição dos ambientalistas e da população das zonas de exploração, que ditou a saída da Chevron. Afinal, ao contrário do que se chegou a esperar, a Polónia não deverá ser (pelo menos no curto prazo) a nova fonte de abastecimento de gás natural da Europa, capaz de libertar o continente da dependência das exportações de gás russas.

Segundo a Reuters, a convicção de que existiam enormes reservas de gás de xisto no subsolo polaco foi dando lugar à decepção, à medida que os projectos de exploração avançaram. A dimensão das reservas foi revista em baixa e as condições geológicas para a perfuração revelaram-se mais difíceis que o esperado. Outro obstáculo mencionado pelas empresas terá sido o atraso do Governo polaco com algumas medidas legislativas e regulatórias.

A queda acentuada dos preços do petróleo nos últimos meses – que obrigou as empresas energéticas a reduzir o investimento e pôr um travão a projectos de rentabilidade duvidosa – também terá pesado na decisão da Chevron de abandonar a Polónia. Permanece ainda a incógnita quanto à permanência da empresa norte-americana na Roménia, onde também tem operações de prospecção, embora as perspectivas não sejam favoráveis.

Foi o próprio primeiro-ministro romeno, Victor Ponta, quem afirmou no final do ano passado, numa entrevista televisiva, que o país “esforçou-se muito por encontrar uma coisa que afinal não tem”. A Roménia, tal como a Polónia e a Lituânia, receberam com entusiasmo a possibilidade de produção de gás de xisto, encarando-o como o trunfo para se libertarem da dependência energética russa e da possibilidade de Moscovo lhes fechar a torneira do gás sempre que as relações se tornam demasiado complicadas.