Hospitais adiam cirurgias para darem prioridade às urgências

Hospital da Feira abriu camas suplementares, mas isso não chegou para evitar adiamento de cirurgias programadas

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Em 2003, uma mulher de 42 anos morreu em casa meia-hora depois de ter sido observada nas urgências Rui Gaudêncio

“É um acto de gestão adiarmos cirurgias que não são prioritárias”, explicou Castanheira Nunes, garantindo que têm sido feitos ajustamentos para dar resposta às necessidades. "Temos tentado retirar os doentes agudos que já estão em estado de convalescença para outras unidades, a fim de libertar camas",  exemplificou. Em toda a região Norte foram abertas 145 camas.

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“É um acto de gestão adiarmos cirurgias que não são prioritárias”, explicou Castanheira Nunes, garantindo que têm sido feitos ajustamentos para dar resposta às necessidades. "Temos tentado retirar os doentes agudos que já estão em estado de convalescença para outras unidades, a fim de libertar camas",  exemplificou. Em toda a região Norte foram abertas 145 camas.

O Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga (que inclui os hospitais da Feira, de Oliveira de Azeméis e de S. João da Madeira) adiantou, entretanto, em comunicado, que abriu camas suplementares nestas unidades, mas que isso não foi suficiente para evitar os adiamentos de cirurgias programadas, “dado o continuado afluxo de doentes para internamento através do serviço de urgência”. 

A culpa é do surto de gripe e da grande afluência ao serviço de urgência do hospital da Feira, justificou. As informações da Direcção-Geral da Saúde vêm “atestando a maior severidade do actual surto gripal” em comparação com anos anteriores, refere o centro hospitalar, que frisa que, desde o início do ano, o hospital da Feira regista “um acréscimo significativo de internamentos de doentes do foro médico, em particular da Medicina Interna, [acolhendo] mais 40 a 50 doentes face ao número de camas disponíveis para esses serviços”.

Para o ministro da Saúde, que terça-feira visitou o hospital da Feira e também o S. João (Porto), a situação que se vive em muitas urgências hospitalares está relacionada com “um aumento de internamentos sem paralelo”.  Apesar de o afluxo às urgências não ser muito maior do que em anos anteriores,  há “muito mais pessoas a ser internadas que exigem mais atenção e mais tempo”, explicou Paulo Macedo. Em alguns casos, especificou, hospitais que tinham percentagens de internamento de pessoas que iam às urgências da ordem dos 8%, estão neste momento com cerca de 15%.  Em causa estão sobretudo “idosos com múltiplas morbilidades, com gripe, mas sobretudo com uma grande componente de infecções respiratórias”, descreveu.

Paulo Macedo aproveitou ainda para elogiar os que não se demitem e não desistem: “Queria deixar aqui uma palavra de muito respeito por quem tem que dirigir e chefiar nestas épocas e nestas alturas difíceis”.