As melhores paredes de 2014

2014 foi, segundo Lara Seixo Rodrigues, fundadora do Wool e Mistaker Maker e criadora do Lata 65, curadora e produtora de eventos de arte urbana, o ano da internacionalização da arte urbana portuguesa. A sua lista dá um salto até lá fora, onde os artistas portugueses deixaram marcas profundas nas paredes

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Hector Christiaen

O desafio de escolher as melhores paredes de 2014 não é tarefa fácil, principalmente quando se vive e respira "estas" e para "estas". Igualmente, não o será, porque nos dois últimos anos assistimos um pouco por todo o território nacional, a um aumento, diria que quase exponencial, de eventos e apoios a iniciativas relacionadas com arte urbana, seguidas, quase sempre e bem de perto, pelos mais diversos media, interessados e simples curiosos.

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O desafio de escolher as melhores paredes de 2014 não é tarefa fácil, principalmente quando se vive e respira "estas" e para "estas". Igualmente, não o será, porque nos dois últimos anos assistimos um pouco por todo o território nacional, a um aumento, diria que quase exponencial, de eventos e apoios a iniciativas relacionadas com arte urbana, seguidas, quase sempre e bem de perto, pelos mais diversos media, interessados e simples curiosos.

Consequentemente e pretendendo dar a conhecer um pouco mais deste universo, a "lista" que apresento salta fora deste território, destacando e realçando o trabalho dos artistas urbanos portugueses, que se notabilizaram internacionalmente neste ano de 2014, para mim, o ano da real internacionalização da arte urbana portuguesa, com um enorme número de artistas a circular um pouco por todo o mundo, respondendo aos mais diversos convites e solicitações das mais variadas instituições, festivais e/ou particulares.

E sendo-me impossível enumerar todos, aqui fica o destaque para cinco paredes, cinco presenças (por vezes acompanhadas) que se fizeram notar "lá por fora", sem uma ordem especial.

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Trabalho de Eime em Itália Memorie Urbane

PANTÓNIO

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Trabalho de Odeith em Louisiana Odeith

Artista açoreano de seu nome António Correia, destacou-se já em 2013 pela sua participação no projecto Tour Paris 13, "a maior exposição de Arte Urbana alguma vez realizada" e naturalmente e previsivelmente, este ano de 2014, revelar-se-ia de enorme produção. Em Fevereiro, Paris seria novamente palco do seu talento, assistindo à sua primeira exposição a solo no exterior e à venda integral da mesma no dia da inauguração (pela Galerie Itinerrance). Em Maio, pudemos vê-lo em acção nessa mesma cidade (pelo 13.º distrito de Paris), pintando aquele que é considerado o maior mural da Europa, uma parede de 66m de altura por 15m de largura, num emaranhado de peixes, que “representam muito mais que isso, representa o movimento das populações, dos grupos que se movem pelas cidades impessoais e nada humanas” (foto). É nesta representação do ‘movimento’ que Pantónio é exímio e único e que, ainda este ano o levou até muitas outras geografias, entre elas, Moscovo, Turim, Quebec e Tunísia, especificamente ao projecto Djerbahood, onde nos obrigamos a salientar a presença de outros três artistas urbanos portugueses, Mário Belém, Arraiano e Add Fuel.

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Trabalho de ±MAISMENOS± na Noruega Henrik Haven

MAISMENOS

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Trabalho de Vhils em Curitiba Vhils

É somente a maior das facetas do artista portuense Miguel Januário, que se destaca como um dos artistas urbanos mais activos dos últimos anos em Portugal, inspirando-se e inspirando, reflectindo e obrigando-nos a reflexões, contestando e/ou questionando toda a actualidade política, económica e social. Apresentou-se 2014 como o ano da sua internacionalização efectiva e foi possível observar o desfilar do seu talento cirúrgico, preciso, activo, subversivo e sempre com um quê de humorístico, por Angola, Brasil e Noruega. É esta última presença, pelo emblemático festival NuArt, que se realizou durante as primeiras semanas de Setembro, que destacamos por aqui. O mural ±NOrWAY± (foto) mostra a imagem da bandeira da União Europeia e da palavra Noruega (em inglês), mas com um pequeno "twist", fazendo referência à forma como a sociedade norueguesa rejeitou, através de referendo popular e apesar da íntima e integral relação económica que as une, a integração na União Europeia por duas vezes. Este mural, seria dois meses mais tarde "transferido" para suporte de papel, com venda esgotada em apenas algumas horas (pela Graffitiprints, Inglaterra), acusando o sucesso deste artista pelo exterior.

ODEITH

Há muito que se destaca pelo seu talento único na pintura de inscrições em 3D e realismo. Igualmente, há muito que desfila pelo exterior, mas são de 2014 que se destacam duas participações especiais. Especiais, não somente porque alcançaram enorme destaque na imprensa internacional e nacional, mas porque revelam a atenção que os nossos artistas (ou writers, como desejarem denominar) despertam no exterior. Por estas razões, não poderia deixar de enumerar por aqui, primeiramente, a participação de Odeith no evento organizado em Novembro passado pelo Museu de Arte Pública, em Louisiana, (foto) onde se incluíam grandes nomes como Smug, Belin, Macs, Sofles ou Koka; e a mais recente participação, no grupo que bateu, ainda durante estes primeiros dias de Dezembro, o record do mundo da maior parede pintada, no Dubai, onde ainda pudemos constatar a presença de outro artista português, Mr. Dheo.

EIME

Foi sem sombra de dúvida um dos artistas urbanos portugueses mais activos em 2014. É longa a lista de projectos e locais por onde andou em território nacional e igualmente, inúmeras as participações no exterior. Durante Setembro, marcou presença na Bienal de Arte de Moscovo, na Rússia. Nesse mesmo mês, passou ainda pelo Festival Zarajos Deluxe, em Cuenca, Espanha, onde curiosamente meses antes já estivera o artista urbano português Samina. Expôs pela Alemanha e durante os primeiros dias de Junho, pudemos acompanhar a sua participação na 3º edição do festival Memorie Urbane, que se realiza anualmente por um conjunto de seis cidades italianas. O mural realizado "Emozionata" (foto) seria semanas mais tarde "transferido" para papel. E se de intercâmbios e bons resultados, surgem novas oportunidades e novos contactos, é com satisfação que constatámos e realço a presença de outro artista urbano português, o portuense Draw, pa convite deste festival, para a concretização de um projecto especial.

VHILS ou Alexandre Farto

Celebrou em 2014… muito e de tudo. Creio que esta será a melhor descrição para o seu ano, que curiosamente se revelou muito mais presente em território nacional, tendo como ponto máximo a grande exposição (e recorde de visitas) "Dissecção" pelo Museu da Electricidade, em Lisboa. Mas tal como nos habitua há anos, espalhou igualmente o seu trabalho pelo mundo, sendo incontável o número de cidades por onde passou, entre muitas: Lodz, Paris, Londres, Seul, Luxemburgo, Hong Kong, Haway,.. No entanto, há sempre uma parede que se destaca e deste 2014, apreciei especialmente uma resultante de um projecto alargado e de integração, elaborado na e com a comunidade Guarani de Araçai, em Curitiba, especificamente, o rosto de D. Emília (foto).