Frente Atlântica sai da informalidade, a pensar nos fundos do Portugal 2020

Porto, Gaia e Matosinhos vão constitui-se uma associação de municípios, que não é contra ninguém, mas lutará contra o centralismo.

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Moreira afirma que continua preocupado com a gestão dos fundos comunitários Regina Coelho

Foi em Gaia, no extremo sul deste espaço urbano  - que, de Leça à Afurada, parece indistinto, visto do céu -, que os três autarcas anunciaram, nesta quinta-feira, a intenção de “casar”, depois de um ano a “namorar”, como lembrou Guilherme Pinto. Coisa impensável em 2013, com Luís Filipe Menezes e Rui Rio a liderar Gaia  e Porto de costas (quase) voltadas, esta casamento a três é, para o autarca de Matosinhos, uma excelente notícia para as 600 mil pessoas que vivem nos três concelhos. Que vão passar a dialogar, o que é já de si uma “grande novidade”, frisou.

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Foi em Gaia, no extremo sul deste espaço urbano  - que, de Leça à Afurada, parece indistinto, visto do céu -, que os três autarcas anunciaram, nesta quinta-feira, a intenção de “casar”, depois de um ano a “namorar”, como lembrou Guilherme Pinto. Coisa impensável em 2013, com Luís Filipe Menezes e Rui Rio a liderar Gaia  e Porto de costas (quase) voltadas, esta casamento a três é, para o autarca de Matosinhos, uma excelente notícia para as 600 mil pessoas que vivem nos três concelhos. Que vão passar a dialogar, o que é já de si uma “grande novidade”, frisou.

A Frente Atlântica vai ter sede na Casa do Infante, no Porto, e contará com uma equipa técnica formada por funcionários dos três municípios. A sua função será preparar documentos estratégicos e candidaturas conjuntas a fundos comunitários, em áreas como o ambiente, as infra-estruturas, a inovação e o turismo. Depois de formalizada a associação, o trio apresentará um plano de acção, explicou Rui Moreira que, olhando para trás, lembrou que “houve projectos que ficaram na gaveta por rivalidades” entre autarcas, o que não deverá acontecer.

Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues assumiram, nos seus discursos, a vontade de dar peso político a esta associação, que, não sendo contra ninguém, como disseram, combaterá o centralismo. Moreira afirmou que mantém as preocupações, manifestadas no início do ano, quanto à gestão equitativa dos fundos do Portugal 2020, e pediu unidade neste tema. “Se falámos sozinhos, somos ignorados”, queixou-se. O seu homólogo de Gaia também se afirmou descrente da “generosidade do poder central. É preciso lutar para garantir um tratamento justo”, avisou.

Os três municípios manifestam preocupação quanto à actuação do Governo em sectores como a água e os transportes alvo de um processo de restruturação, num caso, e de concessão, no outro. O Conselho Metropolitano do Porto assumiu, por unanimidade, oposição às decisões tomadas, mas isso não demoveu o Governo. Se no caso das águas, os autarcas ponderam avançar para tribunal, para não perderem a sua posição na empresa Águas do Douro e Paiva, em relação à STCP Rui Moreira disse que, para já, vai estar atento ao desfecho do concurso, cujo prazo de entrega de propostas foi prolongado até o final do mês.

A concessão da STCP foi um dos assuntos em que Gaia e Porto divergiram, ao longo deste ano. À vontade manifestada pelo Porto de tomar em mãos a gestão dos transportes públicos, apresentando uma proposta ao concurso para a concessão, Eduardo Vítor Rodrigues foi contrapondo, em sucessivas declarações públicas, a perspectiva de que tal seria inviável, ainda antes de ser conhecido o resultado do estudo, pedido pelo município vizinho, que acabou por ditar a decisão final de não ir a jogo. A questão da ponte do Infante, cuja gestão o Governo pretende impor a estas duas autarquias, também mostrou que nem sempre as duas margens do Douro falam em uníssono, mas isso não impediu o independente e o socialista de se juntarem ao ex-socialista e independente Guilherme Pinto, nesta "liga de cidades".

Passado um ano, os três municípios prometem agora ter uma voz comum para os temas com implicação nos seus concelhos. E mais do que isso, prometem acções concretas, com impacto na vida das pessoas. “Elas gostam de nos ver juntos, de nos ver a trabalhar juntos”, assinalou Rui Moreira.