Director demissionário alerta para falta de clínicos de Medicina Interna em Vila Real

Médico considera que começa a comprometer-se o trabalho normal no internamento e na consulta externa do Serviço de Medicina. Hospital nega problemas.

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O Centro Hospitalar garante que há médicos suficientes para assegurar a urgência Paulo Ricca

"Estamos apreensivos uma vez que, com essa carga de horas excessiva na urgência, começa a comprometer-se o trabalho normal no internamento e na consulta externa do Serviço de Medicina", afirmou aos jornalistas Trigo Faria, diretor deste serviço.

O médico trabalha no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), que inclui os hospitais de Vila Real, Chaves e Lamego. Há cerca de um mês apresentou a sua demissão do cargo de director porque não estavam reunidas as condições que considerou "imprescindíveis" para continuar a fazer "o trabalho e dar a assistência que é devida às populações". Até este momento, Trigo Faria mantêm-se em funções porque ainda não foi substituído. Contactada pela Lusa, fonte da administração do CHTMAD disse que esta questão vai ser "resolvida dentro de dias".

Entre Março e o Verão saíram deste serviço três especialistas de medicina interna, o que fez baixar para 26 os médicos que trabalham em Vila Real (14), Chaves (9) e Lamego (3). Por isso mesmo, Trigo Faria reivindica agora pelo menos a substituição desses clínicos. "Mais três médicos seriam o número mínimo para nós conseguirmos fazer a escala com uma carga de trabalho aceitável e sustentável", salientou.

O especialista disse esperar que o "bom senso prevaleça e que rapidamente se encontrem soluções" que devem passar "por um reforço dos recursos humanos, não só pela contratação de médicos para o quadro do serviço como eventualmente o recurso a médicos tarefeiros".

O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) juntou-se a este alerta e, em comunicado, referiu que "após várias tentativas para acordar soluções que minimizem a falta de médicos de Medicina Interna" se viu "forçado" a "denunciar a situação que se vive no centro hospitalar. Estes especialistas, segundo a Ordem, "acumulam dias de urgências e horas extraordinárias para lá do admissível".

Segundo o CRNOM, "um médico Medicina Interna trabalha em média 60/70 horas por semana e realiza 80/100 horas extraordinárias por mês". Uma situação que levou os especialistas que asseguram as urgências a quererem reduzir o número de horas extra para apenas 12 horas por semana.

Um estudo divulgado em 2011 pelo Ministério da Saúde apontava que este serviço deveria ser constituído "por 55 a 57 médicos". Actualmente, segundo a Ordem, "este serviço apresenta um défice estimado de cerca de 18 médicos especialistas em Medicina Interna dada a sua área de influência de cerca de 270 mil habitantes e uma elevada prevalência de população idosa, estimando-se que 42% das pessoas tenham idades acima dos 50 anos".

Por sua vez, o CHTMAD garantiu que, na unidade hospitalar de Vila Real, "existem médicos suficientes para assegurarem os serviços de urgência" e que, relativamente aos hospitais de Lamego e Chaves, "foram providenciadas medidas para colmatar as falhas existentes nestas unidades com a mobilidade e esforço de todos os médicos". Devido ao "excesso de médicos a tirarem férias em Dezembro", o conselho de administração salientou ainda que "foi necessário proceder ao cancelamento das mesmas por forma a assegurar os serviços e a qualidade assistencial a que o utente tem direito".

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"Estamos apreensivos uma vez que, com essa carga de horas excessiva na urgência, começa a comprometer-se o trabalho normal no internamento e na consulta externa do Serviço de Medicina", afirmou aos jornalistas Trigo Faria, diretor deste serviço.

O médico trabalha no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), que inclui os hospitais de Vila Real, Chaves e Lamego. Há cerca de um mês apresentou a sua demissão do cargo de director porque não estavam reunidas as condições que considerou "imprescindíveis" para continuar a fazer "o trabalho e dar a assistência que é devida às populações". Até este momento, Trigo Faria mantêm-se em funções porque ainda não foi substituído. Contactada pela Lusa, fonte da administração do CHTMAD disse que esta questão vai ser "resolvida dentro de dias".

Entre Março e o Verão saíram deste serviço três especialistas de medicina interna, o que fez baixar para 26 os médicos que trabalham em Vila Real (14), Chaves (9) e Lamego (3). Por isso mesmo, Trigo Faria reivindica agora pelo menos a substituição desses clínicos. "Mais três médicos seriam o número mínimo para nós conseguirmos fazer a escala com uma carga de trabalho aceitável e sustentável", salientou.

O especialista disse esperar que o "bom senso prevaleça e que rapidamente se encontrem soluções" que devem passar "por um reforço dos recursos humanos, não só pela contratação de médicos para o quadro do serviço como eventualmente o recurso a médicos tarefeiros".

O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) juntou-se a este alerta e, em comunicado, referiu que "após várias tentativas para acordar soluções que minimizem a falta de médicos de Medicina Interna" se viu "forçado" a "denunciar a situação que se vive no centro hospitalar. Estes especialistas, segundo a Ordem, "acumulam dias de urgências e horas extraordinárias para lá do admissível".

Segundo o CRNOM, "um médico Medicina Interna trabalha em média 60/70 horas por semana e realiza 80/100 horas extraordinárias por mês". Uma situação que levou os especialistas que asseguram as urgências a quererem reduzir o número de horas extra para apenas 12 horas por semana.

Um estudo divulgado em 2011 pelo Ministério da Saúde apontava que este serviço deveria ser constituído "por 55 a 57 médicos". Actualmente, segundo a Ordem, "este serviço apresenta um défice estimado de cerca de 18 médicos especialistas em Medicina Interna dada a sua área de influência de cerca de 270 mil habitantes e uma elevada prevalência de população idosa, estimando-se que 42% das pessoas tenham idades acima dos 50 anos".

Por sua vez, o CHTMAD garantiu que, na unidade hospitalar de Vila Real, "existem médicos suficientes para assegurarem os serviços de urgência" e que, relativamente aos hospitais de Lamego e Chaves, "foram providenciadas medidas para colmatar as falhas existentes nestas unidades com a mobilidade e esforço de todos os médicos". Devido ao "excesso de médicos a tirarem férias em Dezembro", o conselho de administração salientou ainda que "foi necessário proceder ao cancelamento das mesmas por forma a assegurar os serviços e a qualidade assistencial a que o utente tem direito".