Fabricante da Mercedes vende quota na marca de carros eléctricos Tesla

Negócio permitiu à Daimler encaixar 614 milhões. Empresas são concorrentes nos EUA.

Foto
A Daimler diz que não precisa de ser accionista para trabalhar com a Tesla Michael Dalder/Reuters

O fim da participação na estrutura accionista não significa necessariamente que as duas empresas deixem de colaborar, frisou o responsável financeiro da Daimler, num comunicado emitido na terça-feira à noite, após o fecho das bolsas nos EUA. “Estamos extremamente satisfeitos com o progresso do nosso investimento na Tesla, mas não é necessário para a nossa parceria e colaboração. Por esta razão, decidimos alienar as nossas acções”, afirmou Bodo Uebber.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O fim da participação na estrutura accionista não significa necessariamente que as duas empresas deixem de colaborar, frisou o responsável financeiro da Daimler, num comunicado emitido na terça-feira à noite, após o fecho das bolsas nos EUA. “Estamos extremamente satisfeitos com o progresso do nosso investimento na Tesla, mas não é necessário para a nossa parceria e colaboração. Por esta razão, decidimos alienar as nossas acções”, afirmou Bodo Uebber.

A tecnologia da empresa americana foi usada pela Daimler para desenvolver um Mercedes Class B eléctrico. Este modelo, porém, começou este ano a ser vendido nos EUA, que é de longe o principal mercado da Tesla (num distante segundo lugar está a Noruega, graças sobretudo aos incentivos estatais para a compra de veículos eléctricos). O carro eléctrico da Mercedes é significativamente mais barato do que os modelos da Tesla - 40 mil dólares é a proposta mais económica da marca alemã, contra 71 mil dólares do lado da Tesla. No entanto, a fabricante americana já anunciou planos para comercializar um modelo em torno dos 35 dólares, ao passo que os carros mais caros acabam também por concorrer com os modelos não eléctricos da Mercedes.

A Daimler disse que continuará a comprar à Tesla baterias para o Class B eléctrico, mas não especificou se continuará a usar a empresa americana como fornecedora para outros automóveis. 

A venda da participação na Tesla, que é cotada no Nasdaq, acontece quando o valor das acções está em trajectória descendente. Depois de um pico em Agosto do ano passado, no qual a cotação superou os 286 dólares, o preço começou a cair. Na terça-feira, as acções chegaram ao fim da sessão na bolsa a valer 235,34 dólares.

A decisão da Daimler segue-se ainda a uma decisão do fundador da Tesla, o excêntrico empresário Elon Musk, de deixar qualquer fabricante usar a tecnologia desenvolvida pela Tesla. 

“A Tesla Motors foi criada para acelerar o advento da indústria de transportes sustentáveis. Se abrimos caminho para a criação de veículos eléctricos atractivos, mas depois colocamos atrás de nós as minas da propriedade intelectual para inibir os outros, estamos a agir de forma contrária a essa meta”, escreveu Musk, em Junho.

“A Tesla não irá mover processos relacionados com patentes contra ninguém que, em boa fé, queira usar a nossa tecnologia”, disse. Musk foi presidente executivo da empresa que veio a dar origem ao sistema de pagamentos electrónicos PayPal e é também o fundador de uma empresa de transporte espacial que quer levar humanos a Marte.