Chineses sobem preço na OPA à ES Saúde e CMVM trava oferta da United
Prazo da OPA prolongado até terça-feira. Regulador diz que investida directa dos norte-americanos perturbou operação e condicionou accionistas.
Com estas decisões, anunciadas nesta quinta-feira pelo regulador do mercado de capitais, os chineses da Fosun, donos de 80% do capital da seguradora, conseguiram ganhar tempo e já reviram em alta o preço oferecido na OPA – de 4,82 euros por acção para 5,01 euros.
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Com estas decisões, anunciadas nesta quinta-feira pelo regulador do mercado de capitais, os chineses da Fosun, donos de 80% do capital da seguradora, conseguiram ganhar tempo e já reviram em alta o preço oferecido na OPA – de 4,82 euros por acção para 5,01 euros.
O valor colocado em cima da mesa pelos chineses supera marginalmente o preço oferecido fora de mercado pelos norte-americanos, cuja investida fora da OPA fica sem efeito.
Numa oferta considerada “ilegal” pela Fideliade, a UnitedHealth fez esta semana uma oferta directa à Espírito Santo Health Care Investments (ESHCI), que detém 51% do capital da empresa de saúde.
Por ordem da CMVM, a UnitedHealth é obrigada a retirar a proposta e fica impedida de “praticar, divulgar ou publicitar quaisquer actos com ela relacionados”. Diz o regulador do mercado de capitais que a investida veio perturbar a OPA, não respeitando o regime legal das ofertas públicas de aquisição concorrentes.
A oferta directa – dirigida aos accionistas maioritários da ES Saúde e “equivalente ao montante mínimo” que a Fidelidade se propõe adquirir na OPA – foi lançada “num momento em que não podia ser formulada como oferta concorrente”, porque o prazo para tal já tinha terminado. Segundo a CMVM, ainda que a oferta paralela tenha sido dirigida “ao accionista maioritário da ESS, foi divulgada publicamente, de tal forma que condicionou a formação da vontade dos demais accionistas da ESS que se pretende esclarecida e informada”.
Para a OPA da Fidelidade ser bem-sucedida, os chineses têm de ficar com pelo menos 50,01% do capital da ES Saúde. Há 49% do capital disperso em bolsa, o que significa que a venda da posição maioritária da ESHCI é determinante para o sucesso da operação.
A ESHCI, que controla 51% do capital da empresa liderada por Isabel Vaz, é por sua vez detida pela Rioforte, pelo Novo Banco e pela Espírito Santo Financial Group (ESFG).
Com a nova proposta da Fidelidade, a valorização da ES Saúde sobe para os 478,6 milhões de euros, 67,8 milhões acima do valor a que ficava avaliada na primeira OPA, lançada em Agosto pelos mexicanos do grupo Ángeles.
As acções da ES Saúde apresentaram uma subida ligeira na sessão desta quinta-feira, mas mantiveram-se abaixo dos cinco euros. Os títulos encerraram nos 4, 97 euros.
Chineses sobem o preço pela segunda vez
O interesse que a ES Saúde tem despertado coloca-a no topo da lista das empresas cotadas na Bolsa de Lisboa que foi alvo de mais ofertas concorrentes entre si.
Os mexicanos do grupo de saúde Ángeles foram os primeiros a lançar-se na corrida. Depois apareceu a José de Mello Saúde. E mais tarde juntaram-se os chineses da Fidelidade, que seguem isolados na OPA mas enfrentam em paralelo a concorrência da UnitedHealth.
É a segunda vez que a Fidelidade sobe o preço na OPA. Os chineses começaram por oferecer 4,72 euros por acção; para se manterem à frente na corrida, reviram o seu próprio preço em alta para 4,82 euros; e agora voltaram a subir a parada ao lançarem os 5,01 euros.
O interesse da seguradora no grupo liderado por Isabel Vaz (dono de 18 unidades) passa por ter uma oferta integral em seguros de saúde, hospitais, clínicas, medicina ocupacional e preventiva.
Já os norte-americanos estão presentes no mercado de saúde português através do Grupo Lusíadas Saúde. Depois de comprarem a brasileira Amil, ficaram com a HPP (Hospitais Privados de Portugal, hoje Lusíadas Saúde, dono de três clínicas e seis hospitais, localizados em grandes centros urbanos).
Tanto a Fidelidade como a UnitedHealth já receberam a autorização necessária por parte do Governo (via ministérios da Saúde e Finanças) para que possa haver uma mudança no controlo accionista do Hospital Beatriz Ângelo (conhecido como hospital de Loures, gerido em regime de parceria público-privada). com Luís Villalobos