Pela primeira vez, um homem correu 42.195m em menos de 2h03m

Dennis Kimetto no momento em que cortou a meta em Berlim e fixou um novo recorde do mundo da maratona.

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Dennis Kimetto, apesar dos 30 anos de idade, não é um atleta com um longa carreira por detrás de si. Só apareceu mais a sério em 2011 e sempre se deu bem em Berlim, onde em 2012 estabeleceu um recorde mundial para os 25km, com 1h11m18s, depois de lá ter vencido a meia maratona um mês antes, com aquele que ainda é o seu máximo pessoal, de 59m14s.

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Dennis Kimetto, apesar dos 30 anos de idade, não é um atleta com um longa carreira por detrás de si. Só apareceu mais a sério em 2011 e sempre se deu bem em Berlim, onde em 2012 estabeleceu um recorde mundial para os 25km, com 1h11m18s, depois de lá ter vencido a meia maratona um mês antes, com aquele que ainda é o seu máximo pessoal, de 59m14s.

Sempre em Berlim, viria a fazer ainda nesse ano a estreia na maratona e conseguiu o melhor tempo de sempre nessa condição de debutante, com 2h04m16s, perdendo por apenas um segundo para Geoffrey Mutai. E ficou claramente a sensação de que só não ganhou porque era suposto ser o ajudante de Mutai, e não o seu carrasco…

O ano passado venceu as maratonas de Tóquio e Chicago e, nesta última, tomou um primeiro gosto de aproximação ao recorde mundial ao fazer 2h03m45s, o seu melhor até ontem.

A prova berlinense envolveu, desta vez, 40.004 atletas de 130 países e teve excelentes condições para a sua realização, com a temperatura nos oito graus celsius à saída e vento praticamente nulo. Sete atletas ficaram na frente até metade, com início fortíssimo, marcando-se tempos de passagem de 14m42s aos 5kms e 29m24s à dupla légua. A meia maratona foi atingida em 61m45s e era claro que a corrida ao máximo mundial estava lançada. As lebres mantiveram a pressão até aos 30kms, atingindos em 1h27m37s, e então ficaram sós na frente Kimetto, Geoffrey Mutai e um terceiro queniano, o campeão mundial de meia maratona da primavera passada Geoffrey Kamworor. Este seria o primeiro “a perder o pé” aos 33km, vindo a acabar em quarto no final com 2h06m39s. De seguida, Mutai encetou dois ataques mas Kimetto não tremeu, e seria ele mesmo quem avançaria de forma decisiva aos 38km, passando depois as 40km isolado, com sete segundos de vantagem, em 1h56m29s.

Terminando muito forte, acabou por ser o primeiro a baixar das 2h03m, mas também Mutai fazia menos que o antigo recorde oficial, com o grande tempo de 2h03m13s, enquanto o etíope Abera Kuma finalizava em terceiro, com 2h05m56s. E foi o quarto máximo mundial da maratona obtido por um queniano.

“Senti-me muito bem desde o início”, explicou Kimetto no final. “Nas últimas milhas senti realmente que podia bater o recorde, e agora espero fazê-lo de novo no futuro. Voltarei aqui a Berlim para o ano para tentar melhorá-lo”.

Carlos Lopes foi o primeiro a fazer menos de 2h08m na maratona, com 2h07m12s em 1985 (ver caixa) e agora uma nova barreira está batida. Muitos se perguntam se será possível um dia os 42.195m serem percorridos em menos de 2 horas, mas para já essa possibilidade ainda fica no mundo da ficção.

A prova feminina de ontem foi ganha pela etíope Tirfi Tsegaye, com 2h20m18s, melhor marca mundial do ano, seguida pela sua compatriota Feyse Tadese (2h21m27s), e pela norte-americana Shalane Flanagan, uma rara atleta branca medalhada a nível olímpico (2008) e em crosse (2011) no meio fundo longo, que ao obter 2h21m14s pulverizou o seu anterior melhor por mais de quatro minutos.