Dia discreto para os portugueses nos Mundiais de ciclismo

Ivo Oliveira foi 30.º no contra-relógio de juniores.

Foto
“Valeu pela experiência”, sublinhou Daniela Reis Federação Portuguesa de Ciclismo

Ivo Oliveira e Tiago Antunes estrearam-se em Mundiais de estrada, respectivamente, com o 30.º e o 45.º lugares no contra-relógio de juniores, em Ponferrada, Espanha. Pouco acostumados a disputarem contra-relógios de quase 30 quilómetros, os dois juniores portugueses saem satisfeitos com o seu resultado nos Mundiais espanhóis, mesmo tendo perdido cerca de três minutos para o vencedor, o alemão Lennard Kmana.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Ivo Oliveira e Tiago Antunes estrearam-se em Mundiais de estrada, respectivamente, com o 30.º e o 45.º lugares no contra-relógio de juniores, em Ponferrada, Espanha. Pouco acostumados a disputarem contra-relógios de quase 30 quilómetros, os dois juniores portugueses saem satisfeitos com o seu resultado nos Mundiais espanhóis, mesmo tendo perdido cerca de três minutos para o vencedor, o alemão Lennard Kmana.

O contra-relógio de juniores é uma enorme “caixa de Pandora”. Dela, esperava-se, poderia saltar uma surpresa portuguesa, mas cedo se percebeu que ela não viria de Tiago Antunes, o 15.º de 70 ciclistas a partir que, no primeiro ponto intermédio, já perdia 30 segundos para o melhor tempo.

Numa manhã em que a chuva deu descanso, o corredor do CC José Maria Nicolau, de 17 anos, nunca conseguiu reduzir as diferenças ao longo dos 29,5 quilómetros, com início e final em Ponferrada, e, depois de passar no segundo ponto intermédio com uma desvantagem de mais de um minuto para o primeiro, cortou a meta com o quinto tempo até então, a 1m21s do polaco Szymon Wojciech Sajnok, que partiu 1m30s depois de si e entrou na recta final quase ao mesmo tempo. “Correu bem para as minhas expectativas. O percurso não assentava nas minhas características, era muito plano”, explicou Antunes.

Contas feitas, o campeão nacional de contra-relógio de cadetes de 2013 foi 45.º, a 3m38s do vencedor Lennard Kmana, que cumpriu o “crono” em 36m13s, à frente do norte-americano Adrien Costa, mais lento 44 segundos, e do australiano Michael Storer, terceiro a 58 segundos.

A estrear-se num Mundial de estrada, Ivo Oliveira mostrou aos 12,23 quilómetros, primeiro ponto fixo de cronometragem, que as medalhas que conquistou na pista seriam as únicas planetárias que conseguiria nesta temporada, ao ser 18.º, a 40 segundos do melhor. O campeão mundial de perseguição individual da categoria de juniores foi melhorando, mas não conseguiu melhor do que a 30.ª posição, a três minutos de Kmana.

“Foi melhor do que no Europeu. Correu bem, dentro do esperado. Tive boas sensações no início, mas a dez quilómetros da meta as pernas já não vinham como queria”, relatou. As grandes dificuldades que Oliveira encontrou foram o “topo final, que fazia doer as pernas” e o vento de frente. “Em Portugal não costumamos fazer contra-relógios com tanta quilometragem, mas, nas últimas semanas, temos treinado distâncias mais longas para nos adaptarmos”, rematou Tiago Antunes.

Daniela Reis estreou-se com último lugar
A primeira participação portuguesa no contra-relógio individual de elite feminino de um Campeonato do Mundo de ciclismo terminou com o último lugar de Daniela Reis na prova de Ponferrada, em Espanha.

Nunca nenhuma portuguesa tinha disputado um contra-relógio de elite, nunca Daniela Reis tinha feito um “crono tão longo”, por isso, no final dos 29,5 quilómetros, com início e final em Ponferrada, a ciclista da Acreditar-AC Malveira era uma mulher feliz: “Estou cansada. Foi difícil... sabia que não era um percurso para as minhas características. Pode ser que este seja o primeiro de muitos, valeu pela experiência”, disse depois de ter estado longos minutos sentada nos bastidores do dispositivo montado junto à meta, a descansar do sofrimento imposto por um “crono” demasiado plano.

A corredora de Sobral de Monte Agraço confessou que um percurso tão longo “foi mais difícil de gerir”. “Estou habituada a percursos mais curtos”, completou.

A inexperiência notou-se. Segunda a partir, foi dobrada mesmo em cima da meta, depois daquilo que pareceu uma espera interminável, sendo apenas a terceira a cortá-la para, de imediato, se colocar no fundo da classificação geral.

Última classificada, a 7m48s da vencedora, a alemã Lisa Brennauer, Daniela Reis já só pensa em recuperar para a prova de fundo, que acontece no sábado. “Vamos ver como me dou entre as elites. Vou tentar arranjar amigas entre as espanholas”, brincou, referindo-se ao facto de partir sozinha para o percurso de 127,4 quilómetros.

No pódio final, ao lado de Brennauer, que cumpriu os 29,5 quilómetros em 38m48s, estiveram a ucraniana Anna Solovey, segunda a 18 segundos, e a norte-americana Evelyn Stevens, terceira a 21.