MAISMENOS e a bandeira da Europa com sinais de “eurosão”

O Festival NuArt, na Noruega, convidou Miguel Januário. E o artista português brincou com coisas sérias — "com o facto de os noruegueses terem um pé dentro e um pé fora da União Europeia", explicou ao P3

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Norway? No.way. Miguel Januário chegou à Noruega e deixou marcas no NuArt, um dos mais antigos festivais independentes de arte urbana do mundo (que este ano decorre entre os dias 4 e 7 de Setembro). Depois de Angola e do Brasil, o símbolo ±MaisMenos± bateu de frente contra "um país que tem um pé dentro e um pé fora da União Europeia".

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Norway? No.way. Miguel Januário chegou à Noruega e deixou marcas no NuArt, um dos mais antigos festivais independentes de arte urbana do mundo (que este ano decorre entre os dias 4 e 7 de Setembro). Depois de Angola e do Brasil, o símbolo ±MaisMenos± bateu de frente contra "um país que tem um pé dentro e um pé fora da União Europeia".

O artista português continua com o vício de, mais ou menos a brincar, deixar escapar "algumas mensagens". "Desta vez, quis brincar com o facto de os noruegueses terem um pé dentro e um pé fora da União Europeia", explicou ao P3 Miguel Januário, no seu terceiro dia de trabalho na cidade pesqueira e industrial de Stavanger, há muito considerada como a capital norueguesa do petróleo. "É uma excelente oportunidade para deixar algumas mensagens", sublinha o seu alter-ego ±MaisMenos±, cujas frases estão a internacionalizar-se. "Estou a viver um momento excelente. Depois das passagens pela Angola e pelo Brasil, recebi este convite para trabalhar no NuArt. Tem sido um trabalho de continuidade e estou a conseguir entrar no circuito".

No NuArt, festival (criado em 2001) com impressões digitais dos melhores artistas na área e onde apenas um português (Vhils) tinha deixado marcas, Januário tem duas peças na galeria do festival (inauguração no sábado, dia 6) e alguns murais e instalações artísticas espalhados pela cidade.

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Pormenor de uma instalação com assinatura ±MaisMenos± DR

Num dos corredores da galeria, Januário coloca uma bandeira, que é a fusão das bandeiras dos 18 países da moeda euro e onde o artista escreverá "EUROSION", a soma das partes "euro" e "erosão". A segunda obra, construída com jornais, estará numa sala que o português partilha com o veterano John Feckner, anónimo nos anos 70 quando começou a usar conceptualmente símbolos e palavras pelas ruas de Nova Iorque, e com Fra.Biancoshock, italiano que se define como "efemerealista" (missão: produzir obras de arte que sejam efémeras no espaço mas eternas no tempo). "É uma honra", assume Miguel Januário, que no dia 6 também está no cartaz da série de conversas NuArt Plus, onde apresentará o seu trabalho.

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Obra de Martin Whatson no NuArt DR

"There is no place like hope"

No exterior, e para além do inconfundível stencil ±MaisMenos± (o trocadilho: "THERE IS NO PLACE LIKE HOPE", uma adaptação de uma frase de Dorothy no filme "O Feiticeiro de Oz", de 1939), nasceu um mural (de 5x5 metros) com a bandeira da União Europeia e com um recado, atendendo ao facto de a Noruega ser um dos três países europeus (juntamente com o Liechtenstein e a Suíça) que não são candidatos à adesão, mas que usufruem de acordos de livre comércio com a União Europeia. Explica-se desta forma o trocadilho "NORWAY" com o "R" desbotado, com a tinta a escorrer.

A investigação de Miguel Januário valeu ainda uma instalação numa rotunda (" tentativa de sobrevivência de uma árvore pequena envolvida por um barril de petróleo cortado a meio") e uma intervenção na estátua de uma mulher que segura um tabuleiro com peixes. "Preparei uma maqueta de uma plataforma petrolífera com lixo recolhido em Stavanger", uma cidade cuja economia já foi centrada na pesca, mas que está transformada num grande produtor de petróleo