Reuniões familiares põem em prática a democracia

"As refeições em conjunto são muito importantes para a conversa."

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Adriano Miranda

Qual é a importância dos rituais familiares?
Distinguem-se os rituais familiares com mais carga simbólica das rotinas familiares, que também são extremamente importantes. Há vários estudos que dizem que rituais e rotinas dão estabilidade emocional e coesão familiar, que hoje é extremamente importante, e uma das formas de ligar os membros da família. Os rituais podem ser celebrações, jantares, ou outras coisas - cada família pode escolher o que faça mais sentido. Sou muito apologista, mesmo em contexto de terapia familiar, de fazer uma reunião semanal mais formal onde as pessoas podem conversar sobre as novidades, porque não tiveram tempo durante a semana – e os pais perguntam como foi a semana, como vai a escola ou o trabalho, projectos a fazer no fim-de-semana ou nas férias e problemas a resolver, como divisão de tarefas, quem participa no quê, quem cumpriu o quê. Isto para quê? Para que os pais não se chateiem todos os dias com as crianças/filhos. [Cria-se] um espaço em que as pessoas falam de forma mais distanciada e fria sobre estes assuntos, que depois terão maior probabilidade de ser solucionados. Além disso, estas reuniões têm uma grande vantagem de praticar a co-participação e a democracia com os filhos mais crescidos.

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Qual é a importância dos rituais familiares?
Distinguem-se os rituais familiares com mais carga simbólica das rotinas familiares, que também são extremamente importantes. Há vários estudos que dizem que rituais e rotinas dão estabilidade emocional e coesão familiar, que hoje é extremamente importante, e uma das formas de ligar os membros da família. Os rituais podem ser celebrações, jantares, ou outras coisas - cada família pode escolher o que faça mais sentido. Sou muito apologista, mesmo em contexto de terapia familiar, de fazer uma reunião semanal mais formal onde as pessoas podem conversar sobre as novidades, porque não tiveram tempo durante a semana – e os pais perguntam como foi a semana, como vai a escola ou o trabalho, projectos a fazer no fim-de-semana ou nas férias e problemas a resolver, como divisão de tarefas, quem participa no quê, quem cumpriu o quê. Isto para quê? Para que os pais não se chateiem todos os dias com as crianças/filhos. [Cria-se] um espaço em que as pessoas falam de forma mais distanciada e fria sobre estes assuntos, que depois terão maior probabilidade de ser solucionados. Além disso, estas reuniões têm uma grande vantagem de praticar a co-participação e a democracia com os filhos mais crescidos.

Quando uma família está a partilhar a refeição, o que sucede?
Antigamente havia muitos rituais ligados à religião, como rezar antes das refeições. Esses rituais podem ser substituídos por outros. Por exemplo, pode-se dar as mãos e desejar bom apetite. As refeições em conjunto são muito importantes para a conversa.

O que se negoceia à mesa nos casais biculturais?
Nos casais monoculturais uma maior ritualização é favorável, em termos estatísticos, para a estabilidade e funcionamento e coesão familiar. Nos casais biculturais é preciso maior flexibilidade nas rotinas e nos rituais familiares. Imaginamos que uma pessoa vem de outro país onde há outros hábitos familiares. Podem fazer-se as coisas de forma muito diferente: come-se uma vez como se come no país de origem de um, e outra vez como se come no país do outro. Eu próprio estou casado com uma portuguesa, existem outros costumes natalícios, e tentamos integrá-los - há umas coisas alemãs, outras portuguesas. É preciso integrar ou alternar rituais de modo a que todos fiquem satisfeitos. Nos casais biculturais exige-se maior negociação do que as outras famílias. [Resumindo], enquanto uma maior estruturação dos rituais e rotinas é muito benéfica para as famílias monoculturais, nos casais biculturais é preciso maior flexibilidade.